Representantes do setor de bets pediram ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que o projeto de lei (PL) 2.985/2023 passe por comissões temáticas da Casa antes de ir ao plenário.
O objetivo é desacelerar a tramitação do PL a fim de ter tempo para uma maior discussão e, dessa forma, possibilitar alterações no texto, aliviando as restrições, informa a coluna de Igor Gadelha no Metrópoles.
O projeto estabelece uma série de restrições sobre a publicidade das bets e foi aprovado no plenário do Senado com pedido de urgência em 28 de maio, logo após ter saído da Comissão de Esporte da Casa. Representantes do setor, como a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), manifestaram preocupação com as regras propostas, afirmando que o texto pode favorecer o mercado ilegal de bets ao coibir a publicidade dos operadores autorizados.
Pela redação atual do PL 2.985/2023, ficam proibidos
a veiculação de cotações (odds) dinâmicas ou probabilidades atualizadas em tempo real durante a transmissão ao vivo, salvo quando exibidas exclusivamente nas próprias páginas, sites de internet ou aplicativos dos agentes operadores licenciados;
veiculação de publicidade em suporte impresso;
impulsionamento de conteúdo fora dos horários permitidos, ainda que originado dos canais oficiais dos operadores de apostas;
utilização em publicidade de imagem ou da participação de atletas, artistas, comunicadores, influenciadores, autoridades, membros de comissões técnicas profissionais ou qualquer pessoa física, ainda que na condição de figurante. Exceção: ex-atletas, após cinco anos de encerrada a carreira, poderão fazer publicidade de bets;
patrocínio, direto ou indireto, de agentes operadores de apostas de quota fixa a árbitros e demais membros da equipe de arbitragem de competições esportivas;
uso de animações, desenhos, mascotes, personagens ou quaisquer recursos audiovisuais, inclusive gerados por inteligência artificial, dirigidos ao público infanto-juvenil de forma direta ou subliminar;
promoção de programas e ações de comunicação que ensinem ou estimulem de forma direta ou subliminar a prática de jogos de apostas;
envio de mensagens, chamadas, correspondências, notificações por aplicativos ou quaisquer outras formas de comunicação sem o consentimento prévio, livre, informado e expresso do destinatário;
publicidade estática ou eletrônica de apostas de quota fixa em estádio e praças esportivas. Há no entanto, exceções para quando o agente operador das bets for o patrocinador oficial do evento ou detenha os direitos do nome (naming rights) oficial do estádio, arena, evento ou competição; e quando o agente operador das bets for patrocinador no uniforme das equipes participantes da partida ou prova em curso, limitado a um anunciante por equipe.
Esse último ponto gerou forte reação de clubes brasileiros, que, antes da votação, se uniram em um manifesto contrário à medida.
Pelo texto, seriam permitidos:
veiculação de publicidade em rádio em dois períodos: das 9h às 11h e das 17h às 19h30;
veiculação de publicidade em transmissão de eventos esportivos ao vivo nos 15 minutos anteriores ao início da partida e nos 15 minutos posteriores ao final da partida;
veiculação de publicidade, em qualquer horário, em sites, páginas ou aplicativos de titularidade dos patrocinados por operadores de apostas de quota fixa, cujo acesso dependa de ato voluntário do usuário;
exibição da marca dos patrocinadores e agentes operadores das apostas nas chamadas destinadas a anunciar a transmissão de eventos esportivos veiculadas das 21h às 6h, desde que não contenham convite, incentivo ou promessa de ganhos relacionados às apostas; não façam referência a probabilidades, cotações ou bônus promocionais; e observem a classificação indicativa;
veiculação de publicidade de apostas em plataformas de redes sociais ou em outras aplicações de internet para usuários autenticados que sejam comprovadamente maiores de 18 anos;
As publicidades deverão conter a seguinte frase de aviso: “Apostas causam dependência e prejuízos a você e à sua família”;
O texto não proíbe a exibição de marcas de empresas de apostas nos uniformes dos clubes. Ainda não há uma previsão de data para o PL ser votado na Câmara dos Deputados