A chegada da regulamentação das apostas online em 2025 transformou o mercado brasileiro. O que antes operava sem regras claras passou a depender de padrões, licenças, conformidade e responsabilidade institucional. Empresas do setor precisaram se adaptar rapidamente — e fornecedores de tecnologia se tornaram peças-chave nessa transição.
Entre esses fornecedores, está a Sportradar. A empresa, que já tinha presença no Brasil antes da regulamentação das bets, buscou consolidar, em 2025, a sua atuação local por meio de novas parcerias, do trabalho de monitoramento e dos workshops e demais ações de integridade esportiva, especialmente em um ano no qual o combate à manipulação de resultados esteve em voga no país.
O diretor-geral da Sportradar no Brasil, Sergio Floris, faz um balanço dos últimos meses, comenta os avanços alcançados e projeta os próximos anos do setor em entrevista exclusiva ao Yogonet.
Confira:
Em 2025, o mercado brasileiro de apostas online passou a ser regulado e as exigências sobre os operadores aumentaram. Considerando que a Sportradar atende o setor de bets, como você vê o papel da empresa nesse novo cenário no país? Houve alguma mudança na estratégia comercial da Sportradar à medida que o mercado brasileiro se tornou uma indústria regulada?
Do ponto de vista do setor, a regulação tira o Brasil de uma zona cinzenta e coloca operadores, fornecedores e autoridades num ambiente em que as regras são mais claras, as obrigações são explícitas e o nível de escrutínio aumenta.
Isso significa não só cumprir requisitos de licenciamento, tributação e responsabilidade, mas também demonstrar, de forma concreta, que existe governança, controles internos e compromisso com integridade.
É justamente nesse ponto que enxergamos o nosso papel: ser o parceiro tecnológico e de confiança que ajuda o operador a navegar esse novo ambiente, oferecendo dados oficiais, streaming de baixa latência, ferramentas de gestão de risco e soluções de integridade que dialogam com o que o regulador e a sociedade esperam de uma indústria regulada.
Com o marco regulatório, o que vemos é uma demanda maior por soluções que sejam, ao mesmo tempo, escaláveis, auditáveis e alinhadas às melhores práticas globais. Isso vale tanto para operadores locais quanto para grupos internacionais que estão entrando ou expandindo sua presença no Brasil.

A Sportradar esteve presente em diversos eventos do setor de iGaming em 2025, como no BiS SiGMA Americas e no SBC Summit Rio. Além disso, também anunciou acordos importantes com o Ministério do Esporte e com a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), além da ampliação da parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De forma geral, qual o saldo que você faz do ano da Sportradar no Brasil? Diria que os principais objetivos foram alcançados nos últimos 12 meses?
O saldo do ano é muito positivo, não só pelo volume de entregas, mas pela qualidade das relações que conseguimos aprofundar. Em 2025, a Sportradar consolidou uma posição de protagonismo no ecossistema de apostas e no diálogo sobre integridade esportiva.
Nossa presença em eventos como o BiS SiGMA Americas e o SBC Summit Rio foi importante para reforçar essa posição: não participamos apenas como fornecedores, mas como parceiros estratégicos, discutindo tecnologia, responsabilidade e os rumos do mercado regulado.
Esses encontros mostraram um setor mais maduro e mais consciente da importância de soluções robustas, confiáveis e alinhadas às melhores práticas globais. Institucionalmente, continuamos avançando em frentes que representaram grandes conquistas, como o Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério do Esporte, que estabeleceu um canal formal de colaboração para temas sensíveis, incluindo troca de informações, treinamentos e apoio a investigações.
No caso da CBF, com a renovação da parceria de integridade, intensificamos o trabalho que já vínhamos realizando, tanto no monitoramento quanto na formação, reforçando a confiança construída ao longo dos anos.
Já a parceria com a CBV reúne distribuição de dados e soluções tecnológicas, incluindo Data Hub, sistema de desafio, monitoramento, IA nas quadras de Saquarema e outras inovações para revolucionar a gestão, elevar a performance dos atletas e impulsionar o engajamento dos fãs, levando o vôlei brasileiro a um novo patamar internacional.
Por fim, temos ainda alguns novos acordos relevantes de direitos (aquisição dos direitos de betting) que iremos anunciar em breve. Foi um fim de ano bastante intenso após os primeiros 12 meses muito movimentados do mercado regulamentado, como era de se esperar.
A Sportradar oferta um vasto leque de soluções, produtos e serviços: dados, tecnologia esportiva, monitoramento, treinamentos de integridade, entre outros. Quais desses você acredita que tem mais apelo no Brasil e quais ganharão mais força nos próximos anos?
O mercado brasileiro tem algumas características muito próprias, e isso influencia diretamente quais soluções ganham mais tração. O apostador brasileiro é extremamente conectado, engajado e sensível à experiência, então soluções que elevam qualidade, estabilidade e velocidade têm grande aderência.
Com a regulação, os operadores passaram também a buscar cada vez mais plataformas inteligentes, que suportem volume alto de transações, ofereçam previsibilidade operacional e reduzam exposição a riscos.
Nesse sentido, soluções que integram dados, algoritmos, mercados pré-jogo e in-play, tudo em um ecossistema só, têm se mostrado fundamentais. Olhando para os próximos anos, acredito que a tendência seja a expansão do nosso portfólio de iGaming, inteligência artificial aplicada a odds, personalização de conteúdo, automação de operações e modelos mais sofisticados de prevenção a fraudes no ambiente do operador.
O Brasil está num momento de crescimento acelerado, e esse crescimento traz consigo a necessidade de soluções cada vez mais robustas, integradas e orientadas a dados. É exatamente nesse ponto que a Sportradar consegue trazer escala global com adaptação ao contexto local.

Quais são hoje os principais diferenciais competitivos que fazem um cliente escolher a Sportradar em vez de concorrentes?
Quando um operador ou uma entidade esportiva escolhe a Sportradar, normalmente está olhando para três fatores que pesam muito na prática: credibilidade, capacidade de entrega e visão de longo prazo.
O primeiro ponto é a confiança. Trabalhamos com dados oficiais, tecnologia auditável e processos rigorosos, o que faz diferença especialmente em um mercado regulado. O cliente precisa ter segurança de que está apoiado em informação precisa, estável e confiável. E aqui, podemos dizer que nossa reputação é um fator imprescindível para se levar em conta.
O segundo fator é a nossa capacidade operacional. Monitoramos centenas de milhares de eventos por ano, distribuímos conteúdo premium e contamos com infraestrutura capaz de absorver picos de demanda em grandes torneios. Isso é resultado de investimento contínuo em tecnologia e de uma rede global integrada, que permite aos operadores crescer com estabilidade e consistência.
Há também um diferencial essencial, que é a adaptação ao mercado brasileiro. Por isso reforçamos nossa presença local, abrimos escritório em São Paulo e ampliamos equipes no país. Estar próximo dos clientes e entender as particularidades do Brasil nos permite responder mais rápido e desenvolver soluções realmente adequadas à realidade local.
A tecnologia global é fundamental, mas precisa ser aplicada de forma contextualizada ao mercado em que atuamos. Muitas vezes, temos que tropicalizar algumas situações para se adaptarem ao nosso mercado e realidade, e é, portanto, fundamental termos um time no chão por aqui.
A inovação completa esse conjunto. Investimos em inteligência artificial, automação, baixa latência e modelos avançados de análise, e a aquisição da IMG Arena ampliou ainda mais nossa capacidade de entregar experiências enriquecidas. Isso fortalece a conexão entre dados, streaming e produtos que elevam a experiência do usuário final.
Por fim, há um elemento que atravessa todas essas dimensões: a integridade. Nosso trabalho de monitoramento, educação e suporte a investigações é reconhecido por entidades esportivas, operadores e autoridades. Para muitos clientes, esse é o ponto decisivo. Eles buscam parceiros que entendam responsabilidade, transparência e a importância de proteger o esporte, um compromisso que faz parte do nosso dia a dia.
Em 2026, teremos a maior Copa do Mundo da história, com 48 seleções. Você acredita que se trata de uma chance “de ouro” para quem atua com soluções para apostas e de tecnologia esportiva ou as oportunidades não devem ser muito diferentes das que já existem em competições como a Libertadores e a Copa do Mundo de Clubes, por exemplo? A Sportradar planeja lançar algum produto ou estratégia nova especificamente para o Mundial de seleções?
A Copa do Mundo sempre representa um momento singular para todo o ecossistema do esporte e, naturalmente, para a indústria de apostas e tecnologia. A edição de 2026, por ser a maior da história e reunir 48 seleções, amplia essa dinâmica: teremos mais jogos, mais mercados, mais volume de apostas, mais atenção do público e um nível de engajamento que poucos eventos no mundo conseguem gerar.
Do ponto de vista de demanda, sim, é uma oportunidade relevante para todos desse sistema, operadores, fornecedores de tecnologia, produtores de conteúdo e plataformas de streaming. Há sempre muitas surpresas em Copas do Mundo, o que vai gerar resultados positivos para os operadores.
Mas é importante frisar que não é uma "oportunidade isolada" ou desconectada do restante do calendário. O que vemos é uma tendência contínua: competições como Libertadores da América, Sul-americana, Eliminatórias da Copa do Mundo da FIFA, campeonatos nacionais e grandes ligas europeias já geram tráfego massivo e exigem soluções muito robustas em dados, automação, risco e streaming.
A Copa do Mundo acentua esse movimento, mas não altera a essência. Para muitas empresas, é um estresse natural dos sistemas, onde o volume e a velocidade atingem picos e a infraestrutura é colocada à prova. Para nós, é justamente nesses momentos que a solidez técnica se torna mais evidente.
A Sportradar vem se preparando para grandes eventos há muitos anos. Para 2026, o foco não é reinventar o que já oferecemos, mas garantir que nossos produtos, como dados oficiais, streaming de baixa latência, mercados avançados, trading e soluções automatizadas, operem no mais alto nível.
Somos referência global em tecnologia e inteligência artificial, o que nos permite ampliar capacidade, fortalecer infraestrutura, aprimorar algoritmos e antecipar as necessidades dos operadores. Essa combinação de inovação, escala e expertise nos coloca em posição de excelência para atender ao mercado durante o Mundial com máxima segurança, estabilidade e desempenho.

Caso queira acrescentar algo que não foi perguntado, fique à vontade.
Acho importante destacar que estamos vivendo um momento decisivo no Brasil. O setor caminha rumo à maturação. A combinação entre regulação, amadurecimento do mercado e avanço tecnológico cria um ambiente extremamente favorável para construir um ecossistema mais sustentável, transparente e competitivo.
Segundo estimativas citadas pela BBC, o país deve se tornar, já no primeiro ano de regulamentação, o quinto maior mercado de apostas do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia, o que reforça o peso global do Brasil no setor.
O primeiro ano de regulação já demonstrou o potencial de um setor dinâmico e em rápida evolução. O próximo passo é garantir que essa expansão seja acompanhada de confiabilidade e legitimidade. Combater a clandestinidade, fortalecer a regulação e adotar a tecnologia como aliada são imperativos para a sustentabilidade do esporte e da economia digital.
À medida que o Brasil entra nessa nova fase, a cooperação entre governo, indústria e organizações esportivas será determinante. É fundamental que os operadores tenham previsibilidade e segurança jurídica para trabalharem a longo prazo.
Para a Sportradar, tudo isso significa seguir investindo em inovação, ampliar nossa presença local e aprofundar parcerias que nos permitam contribuir de forma ainda mais relevante para o desenvolvimento de toda a indústria, desde operadores até federações, clubes, atletas e autoridades.
Estamos totalmente comprometidos em apoiar esse novo ciclo de crescimento com soluções que unem escala global e um entendimento profundo do contexto brasileiro.