Em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi questionado sobre a possível legalização dos jogos físicos como cassinos e bingos.
Em sua resposta, o petista apontou uma contradição no fato de o Brasil permitir as apostas online — legalizadas em 2018 — e manter o jogo presencial na clandestinidade.
“Eu até estranho, de certa maneira, o jogo virtual ter sido aprovado e o jogo presencial não. Eu estranhei esse movimento, porque, primeiro, o jogo presencial não é um jogo de massa. As massas não entram nos cassinos. Não é uma coisa popular”, avaliou Haddad, fazendo uma diferenciação com as bets.
Na avaliação do ministro, o cassino tem apelo “para turista em lugares específicos, em geral com outras atrações”.
“Você atrai o turista que vai vir visitar e acaba jogando no cassino. Gera emprego, gera movimentação turística [...] Então, se você tivesse [cassino] numa região de fronteira como Foz do Iguaçu, ou em Manaus, ou no Rio de Janeiro, você poderia ter. O virtual [...] faz muito menos sentido do que o presencial”, afirmou Haddad, na entrevista.
O projeto de lei (PL) 2.234/22 — que legaliza cassinos integrados com resorts, bingos e jogo do bicho — aguarda votação no plenário do Senado. Até o momento, foram feitas duas tentativas de votar o texto, mas o item acabou retirado de pauta em meio à pressão de senadores contrários à legalização dos jogos, especialmente daqueles ligados à bancada evangélica.
Pela proposta atual, os cassinos seriam instalados em polos turísticos ou em complexos integrados de lazer. Em outras palavras, resorts e hotéis de alto padrão com pelo menos 100 quartos, além de restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais.
O PL 2.234 autoriza os estados e o Distrito Federal a ter apenas um cassino. Porém, há exceções que levam em conta o tamanho do território e a quantidade da população. São Paulo poderiam ter até três cassinos, ao passo que Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará poderiam ter até dois cada um.
Se aprovado no Senado e sancionado pelo Executivo, o PL pode garantir investimentos na ordem de US$ 70 bilhões (R$ 381 bilhões, na cotação atual) para o Brasil. A projeção é da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), e abarca toda a operação dos cassinos. Isso inclui a construção de novos empreendimentos, a qualificação de mão-de-obra, marketing, a produção de eventos, entre outras atividades.