As bets clandestinas seguem sendo um dos principais problemas do mercado regulado de apostas no Brasil e têm causado diversos prejuízos. Este foi um dos principais tópicos abordados no PLDay, evento promovido pela Paag, techfin especializada em soluções de pagamento para o setor de apostas e em tecnologias de compliance.
O encontro, realizado em 27 de agosto, em São Paulo (SP), reuniu autoridades, representantes de operadoras e especialistas para discutir avanços e desafios da regulamentação das apostas no Brasil, com foco na prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) e no jogo responsável.
“Muitas vezes, a imagem que se tem é do mercado ilegal”, aponta Plínio Lemos Jorge, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL).
Nessa linha, o executivo destacou a regulamentação robusta trazida pela Portaria nº 1.143, que representou um divisor de águas para o setor e para a sociedade, e detalhou a aproximação com o setor bancário, que no passado já demonstrou posição contrária às bets.
“Temos conseguido dialogar com instituições, como a Febraban, mostrando que o setor regulado é diferente e gera empregos. Estamos realizando pesquisas para mensurar esse impacto de forma clara e responsável”, ressaltou Jorge.
O painel também contou com participação de Vitor Marques, gerente de compliance e PLD da BetMGM; e Fred Justo, ex-coordenador-geral de Monitoramento de Lavagem de Dinheiro da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda. A mediação foi conduzida por Mila Rabelo, diretora de compliance da Paag.
O debate enfatizou a necessidade de fortalecer práticas de jogo seguro. Justo comentou: “Contas de passagem e de laranjas continuam sendo pontos de risco no setor. Por isso, precisamos reforçar mecanismos de identificação, como reconhecimento facial e análise de comportamento financeiro."
A diretora de compliance da Paag ressaltou que um dos principais desafios no combate à lavagem de dinheiro consiste em melhorar a sinergia de compartilhamento de dados entre as casas de apostas em prol do melhor interesse do mercado, no que diz respeito ao mapeamento de comportamentos suspeitos. Ela também explica que o combate à prática incluiu um sistema com o KYC (verificação de identidade) adequado, para identificar, classificar e qualificar os clientes internamente.
“Primeiramente, esse cliente que está abrindo a conta para apostar, de fato é quem ele está me dizendo que é? Nesse ponto, destacam-se as verificações de titularidade, prevenção ou fraude. Segundo cenário: agora que sei que o apostador é quem me disse ser, qual é a capacidade financeira dele? Onde ele mora? Qual a profissão dele? Então eu consigo classificar esse cliente. Depois que eu classifico esse cliente, vou avaliar o risco dele internamente. A partir desse risco, consigo ter métricas para poder mapear esse cliente. Se ele estava apostando muito, isso pode ser um alerta”, pontua.
“Eu só saberei se ele está apostando muito confrontando de fato a capacidade financeira dele. Então a gente precisa fazer o KYC, o onboarding adequado, para que a gente possa fazer um monitoramento, um alerta efetivo com métricas efetivas. Depois vem o reporte ao COAF. A gente precisa tratar isso de maneira qualificatória, com uma discriminação e uma qualificação dos fatos efetiva, além de uma comunicação que de fato gere valor para o COAF e consiga fazer uma investigação que gere resultados. Então, são várias dores, são vários desafios, e a Paag está aqui buscando sanear todos eles”, continua Rabelo.
Por fim, a executiva aborda as bases sólidas de prevenção à lavagem de dinheiro que existem dentro da indústria, levando, até mesmo, em conta as soluções oferecidas pela empresa.
“Na Paag, conseguimos criar uma estrutura de KYC e também realizar monitoramentos efetivos. Na nossa estrutura interna, o reporte ao COAF já vai qualificado com parâmetros que atendem a necessidade do órgão. Os resultados dependem de uma investigação do COAF, mas tratamos essas suspeitas e buscamos levá-las a quem tem a legitimidade para tratar. Então, em se tratando dessa responsabilidade de alcançar a atividade suspeita, o KYC e a estrutura de PLD (Prevenção à Lavagem de Dinheiro), dentro dos produtos que oferecemos, atendem 100%. A legitimidade e eficácia no reporte ao COAF fazem parte de nossas soluções”, finaliza.
Para João Fraga, CEO da Paag, o PLDay cumpriu um papel essencial na evolução do setor.
“A realização de um evento como este é fundamental para promover um diálogo aberto entre todos os atores do setor de apostas. Ao reunir autoridades, operadores e especialistas em compliance, conseguimos avançar na construção de práticas mais seguras e responsáveis, que fortalecem o mercado e aumentam a confiança da sociedade nesse segmento em constante expansão.”
Ele falou, também, sobre a importância da convergência de diferentes perspectivas: “O Fred trouxe a experiência de quem participou da construção da regulamentação, a ANJL representa várias operações e tem uma visão geral do mercado, e temos operadores internacionais que trazem boas práticas de fora. Ver essa preocupação em seguir a regulamentação é um ótimo sinal para o setor e para o Brasil. Hoje, conseguimos enxergar que existem operações saudáveis, preocupadas com compliance e com o bem-estar da sociedade”.
O executivo concluiu ressaltando que a cooperação entre empresas privadas, entidades reguladoras e autoridades governamentais é essencial para acelerar a adoção de soluções inovadoras que unem tecnologia, segurança e responsabilidade.