Padre Patrick defende que influenciadores tenham postura crítica em relação às apostas

O padre influencer Patrick Fernandes, que alertou sobre possíveis impactos sociais, morais e psicológicos causados pela popularização dos jogos de apostas online, depôs como convidado nesta quarta-feira, 21 de maio, na Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) das Bets do Senado.

Segundo informa a Agência Senado, Fernandes alertou para o "crescimento do número de famílias em busca de ajuda para parentes viciados", e disse que influenciadores digitais deveriam assumir postura crítica em relação ao setor.

Ele também sugeriu a proibição da publicidade de apostas feita por influenciadores, apontando a fragilidade das regras atuais, e elogiou a CPI pela mobilização popular. Também relatou que chegou a recusar uma oferta de R$ 560 mil para promover plataformas de apostas no início de sua atuação digital.

"Se tem pessoas que estão ganhando para falar a favor, tem que ter pessoas com dignidade que se coloquem contra [...], não somente quem tem muitos seguidores. Talvez algumas pessoas vão começar a se sentir envergonhadas. Tem que haver uma mobilização. Eu vi que tem influenciadores que estão deixando de fazer [propaganda], talvez seja reflexo da pressão popular, daquilo que vocês estão fazendo", disse Fernandes.

O depoimento foi solicitado pelo presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), que justificou a escolha do padre por sua ampla influência nas redes sociais, onde reúne 6,6 milhões de seguidores. Além disso, o padre já havia se disposto a depor, por entender que poderia contribuir com a discussão pública.

Durante a audiência, Patrick classificou os jogos como um problema de saúde pública, afirmando que o vício está associado a distúrbios como ansiedade e depressão, além de causar a desintegração de famílias. Em sua fala, o influenciador misturou argumentos religiosos com sociais.

"Não é só uma escolha individual. Há uma ausência de Deus e uma sede que o dinheiro não sacia. Quem divulga apostas peca ainda mais", afirmou.

Influenciadores

Patrick ressaltou que os influenciadores não são a única causa do problema, mas reconheceu que a presença deles tem impacto significativo, especialmente em cidades pequenas. Em sua atuação pastoral em Parauapebas (PA), relatou aumento expressivo na busca por ajuda para dependentes — em sua maioria, homens adultos.

"Há dois anos, era raro ouvir relatos sobre vício em jogos. Hoje, os pedidos de ajuda são semanais", disse. 

Extorsão

A sessão também foi marcada por embates. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) pediu que a CPI ouça o lobista Silvio Assis, acusado pela revista Veja de extorquir empresários do setor. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) reagiu com indignação, acusando Girão de calúnia e difamação por ligações feitas entre seu nome e o suposto esquema. Ela defendeu que o caso seja tratado pelo Conselho de Ética do Senado.

A CPI aprovou ainda a convocação do influenciador Carlinhos Maia, além da solicitação de relatórios financeiros sigilosos de Virgínia Fonseca e Rico Melquiades, elaborados pelo Coaf.