Entre os dias 20 e 21 de março, o Hilton Buenos Aires Hotel and Convention Center, na Argentina, sediou a SAGSE Latam 2024, evento que reuniu provedores, operadores e reguladores de toda a região.
Como parte da SAGSE X, o ciclo de conferências preparado para a ocasião, André Vinícius de Alencar Alves, diretor comercial da Control F5, abordou o processo de regulamentação pelo qual o Brasil está passando, bem como as expectativas de expansão do promissor mercado de jogos e apostas.
Após a palestra, a Yogonet conversou com Alves, que analisou algumas das questões pendentes no país. O executivo da Control F5, que é especializada em soluções de marketing para empresas de jogos online, também destacou o importante avanço do setor em 2023 e os pontos que o mercado brasileiro deve promover para explorar ainda mais esse potencial de crescimento.
Como você acha que a recente sanção da regulamentação de apostas online impactará o mercado brasileiro e sua empresa em particular?
Estamos em um ponto de regulamentação que não é muito bom porque, embora tenhamos uma regulamentação assinada, ainda não temos as portarias sobre como a lei será aplicada. Ainda estamos esperando.
Sabemos que, para a Control F5, esse é um momento importante. Adoramos trabalhar com um mercado regulamentado porque podemos oferecer muito mais profissionalismo aos operadores e, dessa forma, conseguimos criar um mercado cada vez mais transparente e seguro.
Ainda estamos aguardando algumas definições e pontos que estão pendentes. Uma das questões que estão sendo discutidas com o Ministério da Fazenda é o parceiro que uma operação estrangeira no Brasil precisa ter para ser lançada. Ou seja, uma empresa estrangeira deve ter um parceiro local com 20% de participação para iniciar no mercado brasileiro, mas ainda não está claro se deve ser uma pessoa física, uma empresa ou um grupo.
Nesse sentido, estamos preparando soluções para ajudar as operadoras internacionais que desejam entrar no mercado brasileiro. Queremos ajudá-las criando serviços e suporte de forma profissional para que possam cumprir as regulamentações.
A Control F5 já está operando no Brasil há algum tempo. Como tem sido a experiência até o momento?
A Control F5 está no mercado de jogos desde 2015. Uma diferença que sempre digo aos meus clientes é que não somos uma empresa de serviços que entrou no mercado de jogos, mas uma empresa do setor de jogos que começou a prestar serviços para as operadoras.
Por isso, acredito que nosso ponto mais forte é a especialização e o conhecimento que temos do mercado de jogos e não apenas dos serviços que prestamos.
Após a aprovação da lei, todos estão falando que, uma vez que o setor no país esteja 100% regulamentado, ele vai se desenvolver muito mais. O que a Control F5 acha de todas essas expectativas e do potencial que é visto no mercado?
As expectativas ainda me parecem baixas. Acho que o mercado brasileiro vai surpreender a todos porque é maior do que imaginávamos. Em minha apresentação, falei muito sobre isso. O mercado brasileiro, até 2023, tinha uma penetração de 29%, que foi o ano em que mais cresceu.
Isso significa que temos 130 milhões de brasileiros maiores de 18 anos com acesso à internet e que, desse total, menos de 29 milhões de pessoas apostam online. Portanto, há muito espaço para trabalhar no mercado brasileiro.
Mas é preciso mudar a mentalidade do jogador brasileiro. Temos que promover a segurança, a transparência e o profissionalismo para que os usuários comecem a confiar nos jogos e joguem cada vez mais. Quando isso for alcançado, sei que o mercado se abrirá de forma fantástica. É por isso que acredito que os números que podemos alcançar são muito mais altos do que projetamos e que o mercado brasileiro pode ser muito maior do que pensávamos.
Por outro lado, também temos uma lei que está sendo avaliada para marcar o retorno dos cassinos físicos no Brasil. Se isso acontecesse, acho que os resultados seriam enormes.
Por que você acha que é tão difícil avançar com a questão dos cassinos físicos?
Isso se deve a uma questão histórica no Brasil. Já tivemos cassinos antes, eles foram proibidos, depois foram autorizados, depois foram proibidos novamente. É um ponto muito polêmico no Brasil. Para os brasileiros, os cassinos ainda são um tabu.
É por isso que temos que promover a educação e criar um mercado profissional para superar todas as dificuldades da indústria local. Imagine ter cassinos como o Caesars Palace no meio de uma praia turística brasileira. Quem não gostaria de visitá-lo?
Se o mercado de jogos se abrir, isso não mudará apenas esse setor, mas todo o Brasil, com benefícios para a economia, a geração de empregos e a saúde, entre outros. Tudo isso mudará drasticamente no Brasil.
Acho que agora o governo brasileiro está percebendo o que esse mercado pode ser. Mesmo para nós que trabalhamos com isso, é difícil imaginar o potencial.
Toda vez que produzimos uma estimativa, sempre somos surpreendidos por um crescimento maior. Portanto, tenho a sensação de que os números que projetamos serão sempre muito pequenos em comparação com o que o mercado brasileiro pode gerar.
Vocês têm planos de expandir suas operações para fora do Brasil?
Sim. Estamos sempre em eventos como esse e em diferentes lugares. Adoramos trabalhar na América Latina, mas o mercado brasileiro está em alta agora, então temos que nos concentrar nele.
Por enquanto, já sabemos que vamos passar pelo menos mais de dois ou três anos focados na regulamentação no Brasil. Então, sim, vamos explorar novos mercados na América Latina, porque esse é o perfil que amamos, o trabalho que amamos.
O mercado é muito maravilhoso e os jogadores, de certa forma, têm uma semelhança na maneira de jogar, por isso estamos focados em crescer na América Latina.