Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontou que cerca de 40 milhões de consumidores pagaram por algum jogo ou aposta online nos últimos 12 meses.
Segundo o levantamento, as apostas esportivas lideram a preferência, citadas por 54% dos apostadores. Nos jogos de cassino online, destacam-se slots (28%), roletas (22%) e caça-níqueis (20%). O Pix é o método de pagamento mais usado (76%), e o gasto médio mensal é de R$ 187, chegando a R$ 255 entre as classes A e B.
Renda
Focando no viés de consumo, os dados apontam que 19% dos apostadores admitiram ter gastado valores que comprometeram sua renda, enquanto 41% disseram que abriram mão de algum tipo de consumo para apostar, principalmente com alimentação fora de casa (15%), internet (12%), supermercado (12%) e passeios em família (10%).

De acordo com os entrevistados, 17% deixaram de pagar alguma conta para jogar e 29% já tiveram o nome negativado por causa de gastos com jogo online, sendo que 17% ainda estão nessa situação.
Além dos problemas financeiros, 28% dos entrevistados relatam impactos negativos em suas vidas, como irritação (8%), endividamento (8%), conflitos familiares (8%) e problemas de saúde mental como ansiedade e depressão (8%). A produtividade no trabalho ou nos estudos também é afetada para 7% dos apostadores.
“Os resultados da pesquisa acendem um alerta urgente para as consequências do crescimento descontrolado das apostas online no país. O alto índice de endividamento, a substituição de despesas essenciais por gastos com jogos e os sérios impactos na saúde mental mostram que essa ‘diversão’ está se tornando um problema social e econômico. É fundamental que a regulamentação do setor priorize a proteção do consumidor, especialmente de jovens e famílias, e não apenas a arrecadação. Precisamos de políticas públicas que tratem o vício em jogos como uma doença, com ações de conscientização e limites mais rígidos na publicidade e nos métodos de pagamento”, destacou o presidente da CNDL, José César da Costa.
O estudo afirma que 60% dos entrevistados veem de forma negativa a promoção de plataformas por celebridades e influenciadores, e 41% já deixaram de segui-los por isso.
“O jogo deixou de ser um hobby e se tornou uma armadilha para muitos brasileiros. Precisamos garantir que o crescimento do setor não comprometa a saúde financeira das famílias", disse o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.