O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgou um novo relatório em que alerta que a corrupção no esporte está se tornando mais sofisticada, sistemática e transnacional na América Latina, devido ao aumento da participação de grupos do crime organizado.
O documento, intitulado “Proteger o Esporte da Corrupção: Foco nos países das Américas e do Caribe”, foi desenvolvido com a colaboração de mais de 70 especialistas de 22 países, que trabalharam por mais de um ano com a UNODC. Os países participantes foram: Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Itália, Jamaica, México, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Reino Unido, Uruguai e Venezuela.
Segundo o relatório, grandes eventos esportivos são vulneráveis à corrupção devido aos altos orçamentos destinados a aquisições e à participação de múltiplos atores, que em alguns casos recorrem a práticas colusivas e manipulação de licitações. Nesse sentido, foram citados eventos como a Copa do Mundo FIFA 2026 e os Jogos Olímpicos de 2028.
O documento também menciona casos na região que foram resolvidos por meio de processos judiciais ou disciplinares e apresenta um panorama detalhado sobre as atuais ameaças de corrupção esportiva nas Américas e no Caribe.
Entre os principais desafios, foram destacadas as apostas ilegais — um mercado em rápida expansão devido à escala e ao alcance das plataformas clandestinas, relacionadas a outros crimes como fraude, roubo de identidade, evasão fiscal e lavagem de dinheiro — e a manipulação de competições, geralmente vinculada ao crime organizado, às apostas ilegais e à lavagem de dinheiro.
O relatório sugere ações concretas como harmonizar legislações nacionais com a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC), em especial tipificar a manipulação de competições como crime; fortalecer mecanismos de cooperação e coordenação nacionais e internacionais e o intercâmbio de informações entre instituições de segurança pública, justiça e combate à corrupção, organizações esportivas, organismos internacionais, operadores de apostas esportivas e sociedade civil; capacitar e conscientizar atores-chave; e aprimorar a coleta de dados relacionados à corrupção no esporte.
De acordo com a UNODC, o objetivo é “compartilhar experiências bem-sucedidas, identificar riscos comuns e propor medidas concretas que possam se transformar em políticas públicas e programas efetivos”.