Fundada em 2019, a casa de apostas Betsul completou, em junho, seis anos de atuação no mercado brasileiro. Nesse período, muita coisa mudou no segmento, especialmente com a entrada em vigor da regulamentação.
O Yogonet entrevistou Andréia Oliveira, COO (diretora de operações) da Betsul, para entender melhor a atuação da empresa e como ela vê o momento atual e os desafios das bets no país.
Na visão da executiva, a medida provisória (MP) que eleva a alíquota sobre o Gross Gaming Revenue (GGR) das casas de apostas ‒ dos atuais 12% para 18% ‒ representa “uma pancada nas operações legalizadas”.
“Quando somamos essa tributação às taxas regulatórias e encargos estaduais e municipais, temos uma carga que pode ultrapassar os 37%, uma das mais altas do mundo”, diz Oliveira.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
O Brasil já completou seis meses de mercado regulado de apostas de quota fixa. Como você avalia esse período? Acredita que o país está caminhando bem ou ainda há muitos desafios a serem enfrentados pelo setor?
A regulamentação foi um passo histórico e necessário para dar legitimidade ao setor, mas é preciso reconhecer: ainda estamos longe de um ambiente de negócios estável e maduro.
Se por um lado o marco regulatório trouxe segurança jurídica e atraiu operadores sérios, por outro, escancarou desafios estruturais como a elevada carga tributária, as lacunas na fiscalização e a concorrência desleal com sites não licenciados.
A expectativa era de que a lei inaugurasse um novo ciclo de previsibilidade e crescimento sustentável. O que vimos, no entanto, foi um mercado já pressionado sendo surpreendido por medidas provisórias que mudam as regras do jogo no meio da partida.
O Brasil acertou no primeiro passo, mas precisa correr para garantir um campo de jogo equilibrado, transparente e competitivo. A régua foi levantada, agora falta consistência.
Ainda sobre a regulamentação, entidades que representam o setor, como o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), criticaram a medida provisória que eleva a tributação sobre o Gross Gaming Revenue (GGR) das bets. Se a mudança não for rejeitada pelo Congresso, a nova alíquota de 18% passa a valer em outubro. Como você vê esse tema? Acredita que o impacto no mercado como um todo será grande?
A elevação da alíquota do GGR para 18% é, sem rodeios, uma pancada nas operações legalizadas. Quando somamos essa tributação às taxas regulatórias e encargos estaduais e municipais, temos uma carga que pode ultrapassar os 37%, uma das mais altas do mundo.
Isso coloca o operador licenciado em desvantagem frente a concorrentes que seguem fora da lei, sem pagar impostos, sem seguir regras de jogo responsável e, ainda assim, acessíveis ao público brasileiro.
O risco disso é claro: sufocar o operador que escolheu a legalidade e empurrar parte do mercado de volta para a informalidade. A crítica das entidades do setor é pertinente.
O mercado precisa de um ambiente fiscal viável, que equilibre arrecadação para o Estado e competitividade para as empresas.
Se queremos um ecossistema saudável, não dá para tratar um operador licenciado como inimigo fiscal.
A Betsul já anunciou alguns patrocínios que vão além do esporte, marcando presença em eventos culturais como o São João de Santo Antônio de Jesus (BA) e o Carnaval. O que motiva a empresa a investir nesse tipo de patrocínio e quais resultados vocês pretendem colher com essas ações?
Apostar na cultura é uma escolha estratégica e de propósito. O Brasil é um país plural, onde a experiência de entretenimento vai muito além das quatro linhas. Estar presente no São João, no Carnaval ou em outras celebrações regionais é reconhecer que o brasileiro se conecta com marcas que entendem seu jeito de viver, torcer e comemorar.
Esses patrocínios ampliam nossa presença de marca, geram afinidade emocional e evidenciam o interesse da Betsul em se conectar com a cultura e os hábitos do brasileiro. Também são oportunidades para ativar a marca com criatividade, produzir conteúdo relevante, alcançar novos públicos e, principalmente, consolidar nosso papel como uma plataforma de entretenimento responsável.
A Betsul também promove o Jogo do Bem, que repassa uma parte das apostas a instituições sociais ligadas ao esporte e à saúde. Qual a importância, na visão da empresa, desse tipo de iniciativa?
O Jogo do Bem é uma das iniciativas que mais nos orgulham. Para nós, esse programa vai além da responsabilidade social corporativa. Ele representa uma nova forma de apostar: aquela em que o entretenimento gera impacto positivo na vida real.
Queremos que o apostador entenda que, ao jogar na Betsul, ele também está contribuindo para transformar realidades. Em um mercado onde o debate sobre jogo responsável ganha cada vez mais espaço, iniciativas como o Jogo do Bem mostram que é possível unir diversão e consciência social.
Em junho, a Betsul completou seis anos de operação. Como você vê a evolução da empresa nesse período e quais os planos para o futuro
A Betsul nasceu com um propósito claro: ser uma casa de apostas brasileira, confiável e próxima do seu público. Seis anos depois, nos consolidamos como uma das principais plataformas do país, com um ecossistema robusto que envolve apostas esportivas, cassino online, ações sociais e projetos de inovação.
Nosso foco agora é a expansão com sustentabilidade. Queremos crescer, mas sem abrir mão da experiência do usuário, da rentabilidade equilibrada e da conformidade regulatória. Estamos investindo pesado em tecnologia, automação, inteligência de dados e experiências omnichannel.
Também estamos atentos às transformações do setor, incluindo o uso de IA por apostadores e a evolução do comportamento de consumo. Se o jogo mudou, o operador também precisa mudar e é exatamente isso que estamos fazendo.
Caso queira acrescentar algo que não foi perguntado, fique à vontade.
É fundamental que o debate sobre o setor de apostas não se limite à arrecadação ou ao sensacionalismo. Estamos falando de um segmento que gera empregos, movimenta a economia e pode contribuir com políticas públicas desde que seja tratado com seriedade e responsabilidade.
O que o Brasil precisa agora é de coerência regulatória, educação para o consumo consciente e um pacto de transparência entre operadores, governo e sociedade. Só assim vamos consolidar um mercado forte, seguro e respeitado. E para quem ainda vê o setor com preconceito, eu deixo um convite: conheça o que estamos construindo. Tem muito trabalho sério por trás da diversão.