ARTIGO NA REVISTA THE LANCET

Pesquisa aponta que 80 milhões de pessoas são viciadas em apostas no mundo

28-10-2024
Tempo de leitura 2:28 min

Um artigo publicado em uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo  alerta para um quadro de risco crescente à saúde pública mundial provocado pelas apostas esportivas e cassinos digitais.

Publicado na última quinta-feira, 24 de outubro, a pesquisa feita por um time de especialistas em saúde pública na revista The Lancet chegou à conclusão de que cerca de 46,2% dos adultos do planeta e 17,9% dos adolescentes fizeram alguma aposta no ano passado.

A extrapolação dos dados leva a um universo de 450 milhões de pessoas apostando e 80 milhões apresentando algum tipo de distúrbio relacionado à prática, como a ludopatia.

A pesquisa completa pode ser conferida neste link.

Pesquisa da The Lancet estima que 80 milhões de pessoas são viciadas em apostas no mundo 
Resultados das pesquisas na página da The Lancet (Foto: Reprodução)

A pesquisa estima que 9% dos adultos e 16% dos adolescentes que apostam em jogos de esportes online têm dependência ou vício. Os índices são ainda maiores quando as apostas são feitas em cassinos e caça-níqueis online: 16% e 26%, respectivamente. 

Leia também: Procon-SP defende união de entidades no enfrentamento dos "efeitos nocivos das apostas online"

No Brasil, uma pesquisa recente realizada pelo PoderData revelou que 24% dos brasileiros já realizaram apostas online em bets. Em contrapartida, 73% dos entrevistados afirmaram nunca ter feito apostas, e outros 3% preferiram não responder. 

Apostas não são um tipo de lazer; podem fazer mal à saúde e viciar. Os danos associados às apostas são amplos, afetando não apenas a saúde e o bem-estar de uma pessoa, mas também suas finanças, relações pessoais, famílias e comunidades, com consequências para a vida toda e aumentando a desigualdade”, escreve o artigo, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo.

O texto também aponta que “governos e legisladores precisam tratar as apostas como questão de saúde pública, como já se faz com outros produtos que viciam e fazem mal, como álcool e tabaco”.

Porém, o relatório demonstra que a indústria de apostas não tem um produto comparável a qualquer outro negócio, já que não há, por exemplo, limites físicos que interrompam o consumo, como comida, álcool e cigarro. A oferta online é 24 horas por dia, sendo o único limite a quantidade de dinheiro que o apostador consegue empenhar.

Além da análise, o painel montado pela revista faz diversas recomendações, que contrastam com a realidade de muitos países, incluindo o Brasil, em relação a apostas.

São elas:

1. Apostas são um problema de saúde pública, e governos devem priorizar seu controle a despeito de motivações fiscais;

2. A regulação em todos países, seja o jogo permitido ou não neles, deve reduzir a população exposta ao problema, com proibição ou restrição de marketing, publicidade e patrocínios; oferecer apoio a vítimas do vício; desnaturalizar a prática da aposta, com campanhas de conscientização;

3. Países que permitem o jogo precisam de um regulador independente e empoderado, que garanta proteção à saúde pública, a crianças e adolescentes, consumidores e implemente limites financeiros aos apostadores;

4. Reguladores e legisladores precisam estar protegidos da influência da indústria de aposta e de estudos ou tratamentos patrocinados por ela;

5. Entidades intergovernamentais e da ONU devem desenvolver estratégias para combater os efeitos danosos das apostas em nível internacional;

6. Envolvimento da sociedade civil, acadêmicos e vítimas de distúrbios relacionados a apostas em uma aliança internacional contra o problema;

7. Análise em assembleia de uma resolução da Organização Mundial da Saúde que dê a dimensão devida à questão de saúde provocada pelas apostas.

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