DELEGADO DETALHA OPERAÇÃO "TRUQUE DE MESTRE"

A relação entre influencers e jogos ilegais no Pará

02-01-2024
Tempo de leitura 3 min

O portal de notícias DOL publicou reportagem que mostra como é a relação dos influencers de Belém do Pará com sites de jogos de azar proibidos, como o Jogo do Tigrinho.

A Polícia Civil do Estado do Pará (PCPA) prendeu oito influenciadores na operação “Truque de mestre”, em meados de dezembro, pela divulgação de atividades econômicas ilegais que fez muita gente perder dinheiro em apostas. 

Prisões do mesmo tipo também ocorreram no Ceará, e o estado do Maranhão passou uma lei proibindo a divulgação de jogos ilegais. 

Ao portal, o delegado-geral da corporação, Walter Resende, afirmou que os influenciadores tem papel essencial para a expansão desse tipo de prática ilegal. 

Ele explicou que atividade é ilícita por se enquadrar às moldagens do Artigo 50 da Lei das Contravenções Penais: “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele”, com pena inicial de prisão simples, de três meses a um ano, e multa. Ainda de acordo com a mesma legislação, são considerados jogos de azar aqueles cujos resultados, bons ou ruins, dependem exclusivamente da sorte."

“Nesta modalidade os jogos são virtuais, e normalmente quem ganha são os que promovem a pirâmide criminosa, até porque os resultados podem ser manipulados.

“A engenharia criminosa está se difundindo em todo o país com apoio da atuação dos influenciadores, pessoas que conseguem, por meio de redes sociais, atrair muitos seguidores. Quem comete esse tipo de crime encontrou neste segmento de influência digital um canal muito rápido para captar vítimas no Brasil todo”, avalia a autoridade policial.

Segundo Resende, os influenciadores recebem pagamentos conforme a captação das vítimas, que são induzidas justamente pelas postagens feitas pelos influencers.

“O influenciador posta foto e vídeo de carros, viagens e divulgam as plataformas dos jogos, inclusive eles postam fazendo o jogo e sempre ganhando. Isso incentiva o seguidor a fazer o mesmo, acreditando que ele também vai poder ter como bancar aqueles luxos. Aí diz ‘investi R$ 5 e ganhei R$ 400’, tudo no intento de captar. E quanto mais os influenciadores captam, mas eles ganham de quem banca todo esse esquema”, detalha.

PERDAS

As investigações mostraram à Polícia Civil que, inicialmente, o apostador chega a ganhar alguma coisa, principalmente se faz um investimento significativo. Só que já nas apostas seguintes começa a perder, e aí tem início um círculo vicioso sem volta.

A pessoa ganha um pouco, mas aí o jogo é manipulado e então ela passa a perder, e devolve não só o que ganhou, mas passa a investir do próprio patrimônio para seguir naquela busca por dinheiro fácil. Temos caso de gente que perdeu todo o dinheiro que ia dar de entrada na casa própria, porque apostou achando que conseguiria mais dinheiro para dar uma entrada maior. De gente que está nas mãos de agiotas”, lamenta Walter Resende.


Prisões de influenciadores com associação a jogos ilegais estão ocorrendo em todo o país

Segundo a reportagem do portal, o delegado-geral acredita que na próxima fase de investigações da “Truque de mestre” conseguirá identificar os “cabeças” do esquema criminoso, e que em seu entendimento, não moram no Pará. “É uma engenharia de muitos desdobramentos, e vamos alcançá-la porque além do estelionato, tem ainda lavagem de dinheiro, ocultação de capital, associação criminosa complexa e grande”, antecipa. Resende não descarta a conexão desse tipo de esquema com crimes maiores, como tráfico de drogas e de armas.

Ele reconhece o papel decisivo das postagens dos influenciadores digitais na captação de novas vítimas, quase sempre atraídas pela promessa de dinheiro fácil. “Até por isso a vítima por vezes demora a perceber que caiu em um golpe”, relata. Fato curioso que o DG revela é que o excesso de exposição desses influenciadores nas redes sociais contribuiu enormemente não apenas para as investigações, mas também para, com os mandados de prisão expedidos, achar os citados.

“Para não cair nesse tipo de crime, as pessoas precisam entender, desconfiar que não existe fonte de dinheiro fácil. É muito fácil vender sonhos, ilusões, mas na prática real é diferente”, orienta.

O portal também noticia que o prazo da prisão temporária dos suspeitos chegou ao fim e não houve pedido de prorrogação e nem de conversão em prisão preventiva, e que muitos já voltaram a postar possíveis ganhos e recebimentos nos jogos como do Tigrinho.

 

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