O vice-presidente Geraldo Alckmin (atualmente presidente em exercício devido à viagem de Lula à China) defendeu que é necessário “dar um aperto” na regulação das bets. A declaração foi dada na segunda-feira, 12 de maio, durante o Apas Show, evento da Associação Paulista de Supermercados, em São Paulo (SP).

“Não havia regulamentação das bets. Então, o governo começou por regulamentar as bets, limitar a sua atuação, tributar e vou levar a preocupação de que é preciso dar um aperto ainda maior nessa questão”, disse Alckmin, em fala reproduzida pelo Jornal da Gazeta.

O vice-presidente ‒ que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ‒ não detalhou, no entanto, quais restrições poderiam ser adotadas. O setor supermercadista, responsável pelo evento em que Alckmin estava, é um dos mais críticos ao avanço das apostas online.

Em abril, por exemplo, o CEO do Assaí, Belmiro Gomes, traçou uma relação entre os gastos da população com bets e a redução de compra de alimentos.

“Uma pesquisa desta semana do Datafolha mostra a redução de consumo de alimentos e substituição de produtos pelos mais baratos por conta do aumento da inflação. Mas já passamos por outros picos de alta de inflação, de juros e dólar sem ver essa queda de consumo ou troca de marcas. Então algo novo deve estar acontecendo. E não é alta de desemprego, porque emprego cresce, e renda também cresceu. Também não é dívida, então há algo novo acontecendo, e o que vemos é ainda um crescimento acelerado dos gastos com as bets e os joguinhos”, disse Gomes, segundo o Valor Econômico.

Ele comentou ainda o dado do Banco Central de que, entre janeiro e março, as casas de apostas receberam de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões de clientes, em uma movimentação total de aproximadamente R$ 90 bilhões nos três primeiros meses do ano.

“Não tem como ter R$ 30 bilhões mensais e não ter impacto em consumo. Por isso em 2023 eu fui o primeiro a falar disso e fui criticado, dizendo que era desculpa por performance”, alegou.