WILLIAM ROGATTO

"Rei do Rebaixamento": PF confirma extradição de empresário que confessou manipulação de resultados

William Rogatto (imagem: reprodução/Mais Futebol)
03-09-2025
Tempo de leitura 3:07 min

A Polícia Federal (PF) confirmou, na segunda-feira, 1º de setembro, a extradição de William Rogatto ao Brasil. O empresário ficou conhecido por confessar ter manipulado partidas de futebol em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado, em 2024. Ele alegou ter atuado em esquemas que resultaram no rebaixamento de 42 times, o que lhe rendeu, na imprensa, o apelido de "Rei do Rebaixamento".

Em novembro do ano passado, Rogatto foi preso pela Interpol em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e, desde então, aguardava transferência para o Brasil.

“O nacional [...] é investigado por crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e delitos previstos na legislação de combate à manipulação de resultados no esporte. A extradição foi possível graças à estreita cooperação entre a Polícia Federal e o Escritório Central da Interpol nos Emirados Árabes Unidos, reforçando a atuação integrada no enfrentamento à impunidade”, diz o comunicado da PF, que não chega a mencionar o nome de Rogatto.

A notícia da extradição foi celebrada pelo senador Romário Faria (PL-RJ), que atuou como relator da CPI da Manipulação

“A prisão de William Rogatto é uma vitória para o futebol brasileiro e mostra que o nosso trabalho na CPI das Apostas Esportivas já começa a dar resultado. Como relator da CPI, pedi o indiciamento de Rogatto e de outros envolvidos em fraudes que mancharam o futebol brasileiro. Agora, a Justiça começa a agir. E eu sigo cobrando transparência, respeito ao torcedor e punição exemplar para quem tenta enganar milhões de brasileiros com a manipulação de jogos”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.

Relembre o caso

Em depoimento à CPI em outubro de 2024, Rogatto fez surpreendentes declarações sobre a manipulação de resultados no futebol brasileiro.

William Rogatto em depoimento à CPI (Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado) 

Ele afirmou que já "rebaixou 42 clubes no Brasil" e que atuou na corrupção de jogadores nos 26 estados da federação e no Distrito Federal. A informação é da Agência Senado.

Investigado na Operação Fim de Jogo, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e na Operação Jogada Ensaiada, conduzida pela Polícia Federal, Rogatto disse que ganhou aproximadamente R$ 300 milhões nesses esquemas.

No entanto, como escreveu o jornalista Paulo Vinícius Coelho no UOL,  Rogatto chegou à CPI das Apostas acusado de ter manipulado apenas duas partidas do clube Santa Maria no Campeonato do Distrito Federal de 2024: Ceilândia 6 x 0 Santa Maria e Gama 5 x 0 Santa Maria.

Sem apresentar nenhuma prova das suas declarações, Rogatto afirmou por videoconferência (na época, ele dizia morar em Portugal para não ser preso) que "o esquema de manipulação dos jogos só perde para política e o tráfico de drogas, em termo de valores", e que existe uma máfia da manipulação que envolve pessoas dentro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), das federações, presidentes de clubes, árbitros e atletas.

"O sistema é muito além disso, os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos, eu fiz parte do sistema", disse.

Rogatto disse que estava no esquema de manipulação desde 2009, quando, aos 19 anos, teve a ideia de criar uma casa de apostas para lucrar com a manipulação de apostas esportivas após viagem a Las Vegas, onde conheceu os cassinos locais. Além do Brasil, ele teria atuado em nove países, como a Colômbia.

William Rogatto em depoimento à CPI (Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado) 

Desconfiança

Na época, as declarações de Rogatto foram recebidas com descrédito pela imprensa esportiva e por profissionais do futebol, já que, apesar do caráter explosivo das falas, não foram apresentadas evidências.

A Associação de Árbitros de Futebol do Brasil (Abrafut), por exemplo, publicou nota em suas redes condenando as falas. A entidade afirmou que as denúncias feitas por Rogatto são “falsas e levianas” e que vai exigir que o empresário “prove na justiça” todas as acusações que fez.

"Eu não acredito nesse cara. Para falar uma coisa grave tem que provar, é inadmissível uma pessoa fazer acusações desse tamanho sem uma prova, sem mostrar nada. Ele acusa jogadores do São Paulo, do Palmeiras também obviamente, acusa os clubes sem mostrar uma prova. É uma irresponsabilidade quem dá corda pra isso. (...) Chega com provas, porque ficar falando, acusando jogadores e clubes, sem mostrar nada, isso é falácia!", esbravejou o ex-jogador e comentarista Casagrande em live do UOL.

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