Alcolumbre não deve prorrogar CPI das Bets; relatora denuncia pressão de lobistas e ameaça acionar STF

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não deve prorrogar o prazo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, que investiga irregularidades no setor de apostas online.

Segundo o BNLData, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), vice-líder do governo no Senado, afirmou a jornalistas que Alcolumbre "demonstrou irritação com o andamento da CPI, classificando as reuniões como circenses e afirmando que a comissão já teve tempo suficiente para concluir seu relatório".

Alguns senadores pediram a Alcolumbre para que a comissão fosse prorrogada pela segunda vez, já que o prazo para a finalização do colegiado seria até 30 de abril e foi adiado por mais 45 dias (até 14 de junho). 

Padre Patrick em depoimento à CPI (Imagem: Carlos Moura/Agência Senado)

Legisladores também denunciaram um suposto boicote aos trabalhos de investigação, e Eduardo Girão (Novo-CE) chegou a sugerir, em tom de ironia, a criação de uma nova CPI para investigar a atual, diante da lentidão nos trabalhos. Segundo o parlamentar, dos cerca de 400 requerimentos apresentados, apenas metade foi analisada até agora.

Lobistas

Segundo o UOL, a relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), acusa parlamentares de atuarem como lobistas e considera recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a continuidade dos trabalhos.

Ela voltou a dizer que pediu à Polícia Federal reforço na sua segurança e declarou que sua integridade física, de sua família e a de sua equipe estão sob ameaça por parte de quem se beneficia com as casas de apostas.

"Não posso falar quem são, senão acordo com a boca cheia de formiga", disse ela durante uma live no Instagram. Ao UOL, Thronicke disse suspeitar que "cerca de cinco parlamentares estão atuando como lobistas do setor de apostas", mas não revelou nomes. Disse também que tenta convocar empresários para depor e seus colegas encontram maneiras para evitar que os representantes das bets compareçam.

Mesmo se não foram ouvidos, empresários devem ter pedidos de indiciamento. O relatório final levará em conta os depoimentos colhidos e denúncias recebidas pelo gabinete da senadora. "Tenho subsídios, não preciso de todas as provas", afirmou.