Diretor comercial da casa de apostas Betsul desde 2019, o executivo Rodrigo Oliveira esteve no BiS SiGMA Americas 2025, em São Paulo (SP), e conversou com exclusividade com o Yogonet sobre a regulamentação das bets e o novo momento que o setor vive.
Na conversa, Oliveira destacou que as bets ilegais são um “concorrente desleal muito grande das casas reguladas” e defendeu uma fiscalização maior contra o mercado clandestino.
Confira:
Estamos no quarto mês desde que começou oficialmente o mercado regulado, com todas as regras entrando em vigor. Qual a sua avaliação até agora e como a Betsul tem sentido essa nova fase do mercado?
Havia um crescimento muito grande no final de 2024, e, com a virada ali em janeiro, com a regulamentação, todo mundo teve que enfrentar uma série de regras. Isso criou um impacto muito grande, principalmente no faturamento, na área comercial.
A gente precisou rever uma série de coisas, uma série de ferramentas de planejamento do site para facilitar a usabilidade do cliente dentro do site. Esses últimos quatro meses têm sido bem desafiadores porque o mercado todo ainda não conseguiu retomar o volume de antes.
Anteriormente, existiam algumas práticas de mercado que acabavam atraindo muitos usuários para a plataforma apenas para poder utilizar um bônus ou algumas coisas que eram usadas comercialmente. Eu tenho certeza que 2025 é um ano de aprendizado e que vamos encontrar a retomada do crescimento.
A gente está crescendo, ainda não no número que precisamos, mas estamos em uma curva de inclinação muito grande.
Operadores de casas de apostas têm manifestado preocupação com a concorrência desleal do jogo ilegal. Uma grande quantidade de apostadores estaria sendo canalizada para operadores clandestinos. Esse tema também preocupa a Betsul?
O mercado ilegal é um grande concorrente desleal das casas reguladas. Eles não precisam seguir todas aquelas regras e [pagar] os impostos que também estão sendo muito pesados.
Precisamos que seja feito um trabalho de fiscalização muito forte, principalmente no Nordeste, onde o jogo ilegal é muito aquecido. O mercado informal de rua também é muito grande, e isso cria um impacto para as casas de apostas que estão reguladas, que seguem todas as regras.
Eu acho o Face ID necessário e muito importante para dar segurança ao usuário, mas o ilegal não está fazendo, e isso acaba criando um impacto na facilidade do cliente, na usabilidade quando o cliente não quer mandar o documento, não quer fazer o registro e você acaba perdendo para esse nicho ilegal.
Há quem diga que o Brasil vai assumir assim o primeiro lugar no setor de jogos. Algumas listas trazem países como Reino Unido e Estados Unidos como os mercados mais fortes. Você acha mesmo que realmente o Brasil tem o potencial de assumir a liderança e ser o principal mercado no setor de jogos do mundo?
Sim, principalmente pelo tamanho do nosso país. O Brasil é um país continental, com uma população que já é acostumada e gosta do jogo. Temos um grande fator também: o futebol é muito difundido e importante para o brasileiro. Então, eu acho que, sim, que o Brasil vai tomar uma posição de dianteira ali entre os primeiros top três do mundo nesse mercado.
Desde que você entrou na indústria, qual a principal mudança que você vê além da regulamentação e do avanço da tecnologia?
Vejo que o apostador tomou um nível de consciência muito grande em relação a apostar e ao tipo de aposta que é feita. Hoje, o apostador (principalmente o de apostas esportivas) não busca ali um ganho muito alto. Ele quer ganhar pouquinho, mas quer ganhar constantemente, preferindo muito mais a continuidade do que ganhar um valor alto uma vez só.
Então, acho que a evolução do apostador em aprender a jogar foi a principal mudança. A parte de cassinos e slots nas plataformas traz também um mercado novo: há dois ou três anos isso não era visto de uma forma tão intensa. Todo mundo ficava preso a apostas esportivas.
A gente está o tempo todo tentando se adaptar, tentando se reinventar para trazer novidades para o cliente. Acho que vai vir muita coisa nova por aí.
O maior desafio é criar uma ferramenta em que você consiga reter o cliente, trazendo benefícios, mais entretenimento e diversão. O nível de retenção do cliente hoje é muito baixo. Ele fica, no máximo, 45 dias, 60 dias em uma plataforma e já vai buscar uma oportunidade em outra casa.
Caso queira acrescentar algo que não foi perguntado, fique à vontade.
A Betsul é uma casa que se preocupa muito com as normas que o país tem. Seguimos direitinho tudo o que está sendo regulado. O jogo responsável é justamente para poder conscientizar todo mundo e falar que o jogo tem que ser entretenimento, e não um meio de vida. A pessoa tem que ter a diversão em primeiro lugar.