Após retomar os trabalhos em 11 de março com o depoimento do secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado segue com novas oitivas nesta semana. Na terça-feira, 18 de março, a advogada Adélia de Jesus Soares, proprietária da Payflow Processadora de Pagamentos Ltda., está convocada para prestar esclarecimentos.
A convocação foi feita a partir de um requerimento da relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Segundo a parlamentar, a advogada e empresária deve explicar seu indiciamento pela Polícia Civil do Distrito Federal, sob acusações de falsidade ideológica e associação criminosa.
“As investigações apontam que essa advogada teria colaborado com uma organização estrangeira para estruturar e operar ilegalmente jogos de azar no Brasil, utilizando a empresa Playflow como fachada. Conforme apurado, a Playflow teria sido usada para movimentações financeiras irregulares, com indícios de lavagem de dinheiro e operações realizadas em desacordo com as normas do Banco Central, por meio de documentos falsificados e outros mecanismos ilícitos”, argumenta Thronicke, segundo a Agência Senado.
Ainda segundo a senadora, há indícios de que a empresa possui ligação com outra sociedade localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, o que sugere uma possível internacionalização das atividades ilícitas investigadas.
Ludopatia
Já na quinta-feira, 20 de março, às 11h, o empresário e ex-apostador André Holanda Rodrigues Rolim foi convidado para prestar depoimento. De acordo com um requerimento apresentado pelo presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), Rolim é um ludopata em recuperação e deve relatar sua experiência como ex-apostador, abordando os impactos das apostas na saúde mental e financeira.
“A ludopatia, ou jogo patológico, é um risco crescente no contexto das apostas esportivas, especialmente devido à facilidade de acesso às plataformas on-line. Esse transtorno mental pode causar danos severos à vida do indivíduo e de seus familiares”, alerta Dr. Hiran.
O senador já havia demonstrado preocupação com os impactos da atividade na população, como o endividamento e o jogo compulsivo. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em janeiro, ele questionou a atuação atual das casas de apostas no Brasil, afirmando que elas “chegaram de maneira avassaladora” ao país e 'tornaram-se quase onipresentes em eventos esportivos, no patrocínio de celebridades ou influencers com poderosos perfis na internet'.
Para o senador, a ausência de mecanismos eficazes de proteção ao consumidor — como limites para apostas, campanhas de conscientização sobre os perigos do jogo e suporte para viciados — tem contribuído para o aumento da dependência em jogos de azar on-line.