A regulamentação do mercado de apostas esportivas no Brasil segue gerando discussões, especialmente no que se refere às práticas responsáveis e à proteção de consumidores vulneráveis. Para Andre Gelfi, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), esse é o momento de "separar o joio do trigo" no setor.
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, Gelfi cita que o IBJR, que representa 75% do mercado brasileiro de apostas, reafirma seu compromisso com um ambiente transparente e seguro.
Para ele, as normas visam garantir a sustentabilidade de uma atividade econômica que gera recursos importantes para o Estado e o esporte brasileiro, mas também proteger as partes mais vulneráveis; destacando a importância das medidas contra o comportamento compulsivo e o endividamento.
No entanto, Gelfi expressa preocupação com algumas narrativas em torno do impacto das apostas. Recentes números do Banco Central sugeriram que os jogos poderiam comprometer a economia e o poder de compra da população, especialmente entre os beneficiários do Bolsa Família. Gelfi rebateu essas afirmações, citando uma nota técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços que questiona essa relação.
Em sua análise, Gelfi comenta que o IBJR também foi pioneiro em adotar medidas preventivas, como a não aceitação de pagamentos por meio de cartões de crédito, buscando mitigar o risco de endividamento.
"Há consenso sobre a necessidade de medidas para mitigar risco do uso de benefícios sociais e outros comportamentos de risco em apostas. Nessa linha, o IBJR saiu na frente e seus associados passaram a não receber pagamento por meio de cartões de crédito, mitigando os riscos de endividamento dos apostadores".
Outro ponto destacado por Gelfi foi a necessidade de combater a publicidade que induz ao jogo irresponsável, especialmente em grupos de risco. Para ele, é fundamental que empresas ilegais sejam barradas. "Essas empresas contaminam o ambiente de negócio e a relação saudável entre bets e apostadores", comentou.
Ao concluir, Gelfi reforçou que o mercado de apostas pode ser uma importante fonte de entretenimento e arrecadação, desde que regulamentado de maneira eficiente e com regras claras.
"É preciso separar o joio do trigo. Assim como acontece em países com regulamentação mais avançada ‒ como é o caso da Inglaterra ‒ , o mercado de apostas pode e deve ser uma fonte de entretenimento e de arrecadação para a economia e projetos esportivos e sociais. Nesse jogo responsável, todos se beneficiam com informação, transparência e regras claras."