A regulamentação das apostas esportivas pode afetar os patrocínios milionários aos times de futebol a partir de 2025. Matéria do jornal O Globo ressalta a experiência de outros países com a regulamentação de bets e como este impacto será sentido no Brasil.
Após a sanção da lei 14.790 no dia 30 de dezembro de 2023, o governo federal está regulamentando o mercado por meio de portarias publicadas pelo Ministério da Fazenda, e a previsão é de formalização do setor no país a partir de janeiro de 2025, inclusive com a previsão da cobrança de impostos aprovada no Congresso.
Com a formalização do setor, a publicação menciona que a forma como as plataformas de apostas esportivas investem no país devem ser alteradas. E, a principal mudança, deve haver um freio nos valores milionários que marcam a disputa por espaço publicitário em campo.
Um levantamento realizado em maio deste ano pelo site Bolavip Brasil aponta que as bets já correspondiam a quatro em cada cinco patrocínios a times da primeira divisão do Brasileirão. Os investimentos deste setor são bem maiores que os de outros segmentos — e com maior volatilidade.
A regulação do setor vai trazer exigências como o pagamento de outorga pela licença para operar por cinco anos. Com isso, deve afastar as empresas menos sólidas, reduzindo o número de bets competindo por espaço publicitário no futebol, dizem analistas ouvidos pelo O Globo.
"Qualquer mercado regulado passa a ter custos, impostos e deveres. Isso tende a fazer com que a derrama de dinheiro que acontece agora termine. Estava meio rouba-monte. Nos últimos seis meses, isso já diminuiu. Ao mesmo tempo, a regulamentação tende a atrair outros players", disse à reportagem Ivan Martinho, professor de marketing esportivo do Ibmec.
Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet, afirmou em entrevista que a regulamentação exclui as empresas menos preparadas, sem estrutura de marketing robustas, que não fazem processo de gestão de marca pensando a longo prazo.
"A Galera.bet recentemente passou a diversificar seus investimentos, patrocinando o circuito sertanejo, o Allianz Parque (arena multiuso do Palmeiras) e o carnaval de São Paulo", disse Sabiá.
Europa
Mais avançada na regulação das apostas, a Europa vive outra etapa na relação publicitária com as bets. Entre os mercados que abrigam as cinco grandes ligas, três vetaram ou colocaram restrições aos patrocínios de marcas de aposta: Reino Unido, Espanha e Itália.
França e Alemanha ainda permitem apoio de empresas do setor, mas discutem uma revisão dessas regras.
Na Inglaterra, em abril do ano passado, os clubes da Premier League proibiram a exibição de marcas de bets na parte da frente das camisas a partir da temporada 2026/27. Na Itália, o movimento partiu do governo, em 2019, assim como na Espanha, no ano seguinte. A regulação passou a proibir marcas do setor nos uniformes.
As mudanças levaram empresas e clubes da Europa a se adaptar, comenta a reportagem.
Nos Estados Unidos, gigantes do setor de apostas têm direitos para usar as marcas da NFL, a liga de futebol americano, em suas promoções e integrar conteúdos de apostas nas propriedades de mídia da liga.