O senador Carlos Portinho (PL-RJ), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, afirmou que há setores que se recusam a admitir a possibilidade de manipulação no futebol brasileiro.
A declaração foi dada durante entrevista ao canal do YouTube Setor Visitante. Portinho citou diretamente a imprensa na sua fala, dizendo que recebeu críticas em canais de TV por supostamente não entender de esporte.
“Alguns setores, principalmente da imprensa, não querem admitir que possa haver, no futebol brasileiro, e aí eu falo do futebol como um todo, manipulação, o que é injusto. A gente conhece diversos casos. No ano passado, foram 109 alertas da Sportradar”, argumentou o parlamentar.
Confira o trecho abaixo (a partir dos 16 minutos):
Portinho comentou as acusações feitas por John Textor, dono do Botafogo. Como repercutido pelo Yogonet, o dirigente norte-americano fez uma série de acusações apontando supostas manipulações no futebol brasileiro e, inclusive, foi o primeiro a dar depoimento à CPI.
“O Textor, eu disse a ele depois do depoimento dele, talvez por uma barreira de linguística de inglês e português, ele trata [as acusações] como prova. E eu disse ‘Textor, desculpa, mas você não pode tratar o que você apresentou como prova. Aqui a gente chama de indício, até porque você não tem justamente os instrumentos para comprovar’”, alegou o senador.
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No caso, para embasar suas acusações, o dono do Botafogo usou um relatório da empresa Good Game!, que analisa o comportamento dos jogadores com inteligência artificial a fim de determinar se há manipulação.
“A grande discussão que se iniciou é se os relatórios da Good Game! seriam suficientes. Interessante o uso da inteligência artificial, mas até pelo depoimento da Sportradar e da concorrente que agora esqueci o nome [Genius Sports], eles primeiro fazem o cruzamento das apostas e tendo o alerta, eles começam a usar a inteligência artificial e avaliam o comportamento do atleta também. Mas, confesso, todos [da CPI] saíram um pouco céticos, porque não dá para você avaliar só, na minha opinião sincera, o comportamento do atleta. Você deve cruzar com as apostas”, opinou Portinho.
Na entrevista, o parlamentar defendeu ainda que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) crie um canal para receber denúncias de manipulação de maneira sigilosa, de modo que a pessoa possa apresentar suspeitas e provas preservando a sua identidade.