O jornal O Globo publicou uma matéria analisando o impacto, nos bastidores do futebol, das declarações do dono do Botafogo, o empresário norte-americano John Textor. Como explicado anteriormente pelo Yogonet, ele afirma possuir provas de manipulação no futebol brasileiro.
De acordo com um especialista em integridade ouvido pela reportagem que não quis se identificar, “dentro do meio, estão rindo”. Isto é, as acusações não são vistas com credibilidade.
Textor aponta que o Fortaleza e o São Paulo teriam entregado dois jogos para o Palmeiras nos anos de 2022 e 2023, respectivamente. Para sustentar sua acusação, o dono do Botafogo usa relatórios e vídeos da Good Game!, uma empresa francesa que foi contratada para monitorar partidas. Relatórios de outras agências não apontaram movimentações suspeitas nesses jogos.
A questão, segundo o jornal O Globo, é que a metodologia da Good Game! vai na contramão do monitoramento feito pela maioria das empresas. O ponto central é o comportamento dos jogadores, com um software que seria capaz de analisar movimentos, giro do corpo, proximidade da bola e outros aspectos para determinar se um erro foi normal ou proposital.
Além do critério visto como questionável (situações como nervosismo dos atletas podem levar a erros de interpretação dúbia), a metodologia da Good Game! não conta com muitos estudos no meio científico. A Sportradar, que atende Fifa, Uefa, Conmebol e CBF, por exemplo, teve seu sistema validado pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra.
“Processos de investigação recomendados por ONU, Comitê Olímpico Internacional, Fifa e Interpol estão um pouco distantes deste tipo de análise. A gente trabalha com outras avaliações”, afirma Paulo Schmitt, consultor de integridade e coordenador da divisão de prevenção à manipulação do Comitê Olímpico do Brasil e presidente do comitê de integridade da Federação Paulista de Futebol, em entrevista a O Globo.
Ele acrescenta que “quase 99% dos problemas relacionados a fraudes têm relação direta com propósitos financeiros. O cruzamento com o mercado de apostas é quase uma obrigação ao se fazer análise”.
Além disso, a reportagem menciona que a Good Game! não é conhecida dentro do meio e não revela muitas informações sobre si mesma. Todos esses fatores e a falta de provas claras até o momento fazem com que as acusações de Textor não sejam levadas a sério e muitos asseguram que não irão prosperar.
Enquanto isso, o dono do Botafogo já prestou depoimento à polícia e está respondendo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por não apresentar provas das acusações. A recém-formada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, que investiga casos de manipulação no futebol brasileiro, também deve ouvir Textor.