DIRETOR-PRESIDENTE DA LOTTOPAR NO BIS SIGMA AMERICAS

Daniel Romanowski: "Atuação da Loterj pode gerar problemas para outros setores e virar guerra fiscal"

29-04-2024
Tempo de leitura 3:40 min

O importante trabalho de Daniel Romanowski como diretor-presidente da Lottopar foi reconhecido no BiS SiGMA Americas deste ano. Ele foi o vencedor do BiS Awards na categoria C-Level do Ano, que reconhece o trabalho de executivos do setor em termos de liderança, visão estratégica e impacto no crescimento das empresas. 

A Lottopar está na vanguarda no processo de desenvolvimento de loterias estaduais no Brasil, firmando parcerias e criando sistemas de segurança pioneiros como a adesão à WLA (World Lottery Association), maior associação de loterias do mundo.

Após participar da mesa-redonda “O que há de novo nas loterias estaduais do Brasil” durante o BiS SiGMA, Romanowski concedeu uma entrevista exclusiva ao Yogonet.

Nos fale das suas impressões do evento e por que é importante que a Lottopar esteja participando.

Viemos há dois anos atrás nesse evento, que cabia talvez dentro de apenas um estande que temos de um dos operadores que estão aqui. O evento cresceu enormemente e está gigantesco, e é a representação do setor. O setor está explodindo mesmo. Fizemos um planejamento muito conservador no estado do Paraná, mas ficamos felizes que tudo isso vai começar a acontecer dentro do nosso estado agora.

Todos esses fornecedores, fornecedores de jogos, fornecedores de hardware, marketing, todas essas empresas que aqui estão poderão trabalhar no nosso Estado. Então, para nós, isso é trazer emprego, é trazer renda, é desenvolvimento. 



Era um sonho nosso de dois anos atrás, quando visitamos aqui para conhecer já que não éramos do setor, e agora estamos conseguindo realizar isso. Então, para a Lottopar, estar aqui é muito importante. A gente tem acompanhado o setor muito de perto, e o nosso entendimento é que é preciso fazer as coisas da maneira correta para que esse setor seja perene, não seja apenas uma aventura, em que daqui a pouco, por algum deslize, algum erro, possa acabar. Mas acho que nada mais freia esse processo, considerando o tamanho dessa feira hoje. 

Quais são as previsões e planos da Lottopar para os próximos anos? 

Nós temos estudado as loterias mundo afora, e achamos que a modalidade instantânea talvez seja a que vai trazer mais faturamento, já que a aposta de quota fixa tem competição com a federal, e talvez o federal se destaque muito mais.

Nós imaginamos que quando a loteria já estiver madura, todas essas modalidades reunidas possam repassar o Estado em torno de R$ 100 milhões ao ano. Quiçá mais do que isso. Todo esse dinheiro será convertido em benefícios sociais, o que quer dizer que a loteria não existe sem social. Esse número para nós representa muito, já que vai direto para projetos, vai ser convertido em viaturas, vai ser convertido em equipamento para a polícia, vai ser convertido em habitação. Então faz bastante diferença para a área social do nosso estado.

É notável que o desenvolvimento da nota da Lotofácil se deve muito ao apoio do governo do estado, do governador Ratinho. Como funciona essa relação? 

Sim, quero até agradecer a ele, que nos dá muita liberdade. A única missão que ele nos deu é buscar o melhor modelo de loteria para trazer para o Paraná. Então fomos atrás e pegamos um pedacinho de cada lugar do mundo, boas práticas e coisas que funcionam. Não precisamos inventar a roda, já tem muita coisa boa desenvolvida.

Então, esse apoio dele é fundamental. E o apoio dele também em deixar que montássemos a nossa equipe, e por isso temos esses resultados positivos. Conseguimos trazer profissionais muito técnicos, muito aguerridos e com vontade de fazer. E o resultado é esse, conseguir sair um pouquinho na frente dos demais.

É  trabalho intenso, muita dedicação e retrabalho para ir atrás para o que é melhor para o Paraná. Outra coisa importante de falar é que não temos compromissos políticos com ninguém, o governo do estado não nos faz exigências, então podemos sempre ir atrás do melhor processo possível, da maneira mais transparente possível. Ou seja, quem tem competência, quem atinge os níveis técnicos e níveis financeiros, pode trabalhar conosco. 

Poderia explicar a atual situação da Ação Civil Pública que a Lottopar moveu contra atuação em terrítório nacional da Loterj?

Na nossa interpretação, o problema da atuação da Loterj é a questão da  territorialidade. Eu vejo que isso pode gerar até problema para outros setores, porque vai virar uma guerra fiscal.  É como se fosse um advogado que mora no Paraná prestasse serviço em São Paulo mas emite nota fiscal do Mato Grosso. É uma salada, não faz sentido.

E a segunda questão que ninguém responde é a da licença para operação. O Loterj lançou sua licença por R$ 5 milhões, mas de repente outro estado lança um edital com licença de R$ 500 mil, e todos os operadores migram para esse estado. Então isso não é benéfico para ninguém, vira um leilão, uma commoditie. 

Estou falando de pontos mercadológicos, mas na parte processual há problemas também, já que a Loterj simplesmente desconsiderou as ADPF 492 e 493, do STF. O ministro Gilmar Mendes coloca claramente que os Estados têm que se restringir a sua territorialidade, e isso já é um grande mercado. Inclusive o Rio de Janeiro seja talvez o segundo ou terceiro maior mercado do Brasil, e isso já seria suficiente para que tivessem sua viabilidade, não precisariam estar fazendo isso.

Dois advogados iniciaram uma ação popular, a União já se manifestou e nós entramos na Justiça logo após, para apoiar. Mas acho que  isso vai se corrigir dentro dos próximos meses, e o setor vai seguir em frente.

Jerônimo Rubim
por Jerônimo Rubim
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