Suposta manipulação de resultados no futebol

Diante das acusações de Textor, associação de árbitros defende paralisar Brasileirão

John Textor (imagem: Roque de Sá/Agência Senado)
24-04-2024
Tempo de leitura 2:30 min

A Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf) pediu a paralisação do Campeonato Brasileiro diante das acusações do dono do Botafogo, John Textor, de que haveria fraudes envolvendo a arbitragem e o VAR. Na última segunda-feira, dia 22 de abril, o dirigente deu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado.

“Não há outro caminho: é preciso parar o Brasileirão 2024 antes que façam o VAR virar caso de polícia. Tenho recebido inúmeros telefonemas de árbitros insatisfeitos e já há um volumoso grupo que deseja, em protesto ao que está ocorrendo, interromper o campeonato brasileiro já nas próximas rodadas”, diz a nota da Anaf assinada pelo presidente da entidade, o ex-árbitro Salmo Valentim, e reproduzida pelo UOL.

O texto diz ainda que a arbitragem brasileira chegou “ao fundo do poço, sendo exposta no Senado Federal por um dirigente inconsequente que mesmo sem provas, insiste em dizer que o Brasil possui árbitros que manipulam resultados. Isso põe não só o VAR sob suspeição, como pode gerar sérios prejuízos à imagem da arbitragem”.

Leia: "Dentro do meio, estão rindo": acusações de John Textor são vistas com desconfiança

As alegações de Textor, no entanto, não são a única causa da insatisfação da associação. A nota cita ainda uma série de outros problemas envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como a afirmação de que a arbitragem estaria trabalhando sem receber em finais de torneios de futebol feminino desde o ano passado.

Apesar do posicionamento, a associação presidida por Valentim não representa a maioria dos profissionais e não teria condições de promover uma paralisação geral.

 Como explicado pelo UOL, 70% da categoria está reunida em outra entidade, a Associação Brasileira de Árbitros (Abrafut). Esta, por sua vez, é crítica às acusações de Textor, mas mantém boa relação com a CBF e as chances de convocar uma paralisação são consideradas improváveis

CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado

Na segunda-feira, Textor passou por uma sessão aberta, na qual respondeu perguntas dos senadores. Em seguida, foi para uma sessão fechada, sem transmissão ao vivo ou registros da imprensa, na qual apresentou supostas evidências de manipulação de resultados no Brasileirão e nomes de pessoas que estariam envolvidas com o esquema. O dirigente entregou um relatório com 180 páginas contendo o que ele alega serem provas das suas acusações de manipulação.

“Nós chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento de diversos indícios, não queremos falar em provas. Foram indícios importantíssimos. Não quero dizer que participamos de uma conversa de uma hora, teve muito conteúdo. Foi prazeroso, a gente só tem que agradecer a toda equipe, muito bem qualificada. Não se tratou apenas do CEO do Botafogo trazer indícios do Botafogo, ele mostrou outros jogos, outras imagens. Temos indícios suficientes para investigar independentemente quem nos interesse em próximas reuniões”, disse o presidente da CPI, Jorge Kajuru (PSB-GO), segundo o Globo Esporte.

Cabe ressaltar que, durante o depoimento, Textor não citou o envolvimento de casas de apostas em suas acusações. Kajuru, porém, declarou que a CPI está aberta a investigar as empresas se houver suspeitas de envolvimento.

"Não são todas as casas de apostas que podem ser acusadas, mas aquelas de que nós tivermos qualquer envolvimento, qualquer elemento, qualquer prova, eu espero que todos nós tragamos para cá e chamemos para a devida investigação, com total independência", afirmou Kajuru, em outra declaração, reproduzida pela Rádio Senado.

A comissão deve ouvir, em breve, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o presidente do São Paulo, Julio Casares.

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