COFUNDADOR DO BIS SIGMA SOUTH AMERICA

Carlos Cardama: "Brasil é um mercado sério, com regras claras em evolução e um potencial enorme de crescimento"

Imagem: divulgação
24-12-2025
Tempo de leitura 3:47 min

Após reunir 17,5 mil pessoas em abril de 2025, o BiS SiGMA Americas (agora rebatizado para BiS SiGMA South America) consolidou-se como um dos principais eventos do mercado de iGaming da América Latina, palco de networking, inovações, discussões e oportunidades de negócio envolvendo alguns dos maiores players da indústria.

Cofundador do evento e CEO do Games Magazine Brasil, Carlos Cardama acredita que essa grandeza demonstra que o mercado brasileiro está amadurecendo e sendo levado a sério.

Em uma entrevista exclusiva para o Yogonet, ele fala sobre os potenciais a serem desenvolvidos, as possíveis armadilhas no caminho da regulamentação e desenvovimento econômico pautado no mercado legal. 

O BiS SiGMA cresce a cada ano. De que forma o evento está contribuindo para fortalecer o mercado regulamentado e atrair investimentos internacionais para o Brasil?

Eu costumo dizer que o BiS SiGMA South America se converteu, na prática, na grande vitrine do mercado regulado brasileiro para o mundo.

Quando você reúne, no mesmo ambiente, reguladores, loterias estatais, operadores licenciados, provedores globais de tecnologia e fundos de investimento, você cria um palco muito poderoso para mostrar que o Brasil é um mercado sério, com regras claras em evolução e um potencial enorme de crescimento sustentável.

Os conteúdos, painéis e encontros que promovemos ajudam justamente a reduzir incertezas: esclarecem pontos da regulamentação, trazem visões complementares de advogados, consultores, operadores e governo, e mostram onde estão, de fato, as oportunidades.

Some a isso o nosso relacionamento muito próximo com as empresas e com os líderes executivos do ramo. Conhecemos as dores, os planos e as ambições de quem investe no Brasil. O BiS SiGMA acaba funcionando como um grande conector entre capital internacional e projetos concretos no mercado brasileiro.

Abertura da edição 2025 do evento

Quais tendências, verticais e tecnologias você espera que se destaquem na edição 2026 do evento?

Quando olho para 2026, vejo um movimento muito claro de maturidade. Em termos de negócio, a tendência é de fusões, aquisições e consolidação: o número de operadores deve diminuir, com players maiores, mais capitalizados e mais competitivos ocupando espaço, enquanto os aventureiros tendem a ficar restritos a operações menores ou regionais.

Vejo também um grande potencial nos terminais de viodeoloteria (VLTs), especialmente via loterias estaduais — os casos de Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Paraíba, Tocantins e outros que estão começando mostram um caminho muito interessante de expansão responsável.

Mas o grande tesouro para o Brasil, na minha visão, está nos cassinos, nos bingos e nos jogos de legado. Com a regulamentação adequada dessas atividades, o impacto econômico em emprego, investimento, turismo e entretenimento será muito significativo. E tudo isso virá acompanhado de tecnologia, muita sofisticação, para proporcionar uma experiencia de entretenimento e de jogo responsável.

De que maneiras é possível vencer as resistências ao setor de jogos que vêm sendo demonstradas por setores políticos e da economia no país?

Na minha visão, a única forma séria de vencer essas resistências é colocar luz onde hoje ainda existe muito ruído. Primeiro, separar com muita clareza o jogo legal do ilegal: são universos completamente diferentes, com padrões de governança, compliance e responsabilidade incomparáveis.

Depois, trazer esclarecimento e educação contínua para governantes, agentes públicos e sociedade civil, mostrando dados concretos de geração de empregos, arrecadação, investimentos, turismo e desenvolvimento regional. Não é conversa de lobby, é número na mesa. Isso passa por um diálogo aberto com parlamentares, reguladores, mídia e formadores de opinião.

E é aí que o BiS SiGMA tem um papel importante: ser um fórum sério, estável, onde mitos e preconceitos podem ser confrontados com informação qualificada e com exemplos internacionais de boas práticas.

O que o Brasil ainda não entendeu sobre o potencial econômico do jogo legalizado?

Eu vivi a época dos bingos no Brasil e lembro bem do impacto econômico que aquilo gerava na prática: empregos diretos e indiretos, movimento em bares, restaurantes, hotelaria, transporte, comércio do entorno e até obra civil para adaptar e construir casas de jogos.

O que o Brasil ainda não entendeu plenamente é que o jogo legalizado, bem regulado, é uma indústria capaz de organizar e potencializar tudo isso em larga escala, com arrecadação robusta e previsível para o Estado. Hoje o país perde duas vezes: perde receita porque uma parte relevante da atividade está na ilegalidade e perde ainda mais porque muito dinheiro simplesmente vai para fora, para operações sediadas em outras jurisdições.

No fundo, o que nos trava é menos a economia e mais a política, falta de visão de longo prazo, medo de assumir o tema de frente e um preconceito moral que não combina com um país que quer atrair investimento e ser levado a sério.

BiS SiGMA 2024

O que você considera o maior risco para o setor no curto prazo? E qual a maior oportunidade?

No curto prazo, eu diria que o maior risco é a combinação de três fatores: uma carga tributária excessiva, que pode tornar o negócio inviável ou empurrar empresários sérios para fora do país; a atuação constante de operadores ilegais, que mancham a imagem do setor e confundem a opinião pública; e a falta de diálogo técnico em algumas decisões políticas, o que gera insegurança para quem quer investir de forma correta.

Por outro lado, a maior oportunidade é enorme, com a entrada de grandes grupos internacionais, a expansão de cassinos, bingos, VLTs e loterias estaduais, somada à formação de mão de obra qualificada e à criação de milhares de novos empregos.

Se o Brasil souber equilibrar regulação, tributação e segurança jurídica, esse setor pode ser uma verdadeira alavanca de desenvolvimento econômico.

BiS SiGMA 2025 - O interior da feira

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