O Ministério do Esporte deu início nesta segunda-feira, 29 de setembro, em Brasília (DF), ao I Encontro Técnico Nacional sobre Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, que segue até quarta-feira, 1º de outubro. A iniciativa reúne representantes do governo federal, forças de segurança pública e organismos internacionais, com o objetivo de consolidar uma política pública de integridade esportiva no Brasil, segundo comunicado oficial.
Na abertura do evento, o secretário nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte, Giovanni Rocco Neto, destacou a importância de blindar o esporte contra práticas ilícitas.
“No nosso país, o esporte toca o coração das pessoas. É capaz de mobilizar multidões, transformar vidas e salvar famílias. [...] O que estamos construindo aqui, de forma colaborativa, é a instituição de uma política pública. A mensagem que queremos transmitir é simples e poderosa: no esporte não há espaço para fraude, manipulação ou desrespeito às normas.”
O debate também abordou os impactos da ausência de regulamentação. O secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, lembrou que “tivemos um período muito longo sem regulamentação nas apostas esportivas; quatro anos que nos trouxeram muitos problemas sociais, econômicos e de ordem esportiva.”
Já o coordenador-geral de Articulação Institucional do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bernardo Machado Mota, ressaltou que é preciso olhar para o setor esportivo como mercado. “O esporte move paixões, mas ele também atua no campo de negócios. E orbitando esse negócio nós temos o mercado de apostas. Sabendo que qualquer mercado tem alguma vulnerabilidade para o crime, precisamos olhar para todas as possibilidades de atividades criminosas em qualquer setor.”
Um dos destaques da programação é o lançamento do Manual de Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, elaborado pelo Grupo de Trabalho Interministerial. O documento traz diretrizes para atuação preventiva e repressiva, consolidando conhecimento técnico e metodológico.
O diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção da Polícia Federal, Denis Cali, enfatizou o valor prático da publicação: “O manual é um ponto de partida, pois às vezes há dificuldade até mesmo na tipificação do crime esportivo. Verificamos que agora há inclusive uma tabela comparativa entre as leis e os atos normativos do Ministério da Fazenda.”
O evento também abriu espaço para a inovação. Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) apresentaram a plataforma Apita Cidadão, um canal de denúncias anônimas sobre manipulação esportiva, com respaldo legal e análise das informações por parte da Polícia Federal e órgãos competentes.
A programação segue com oficinas técnicas, debates especializados e treinamentos para investigação de fraudes esportivas.