Em audiência pública da Comissão de Saúde e Saneamento realizada nesta terça-feira 26 de agosto, na Câmara Municipal de Belo Horizonte (MG), gestores públicos, profissionais da saúde e representantes da sociedade civil alertaram para a falta de políticas públicas de prevenção e tratamento do vício em apostas. A informação é do site oficial do Legislativo.
Entre as principais propostas apresentadas estão o fortalecimento da rede de saúde mental do município e a criação de campanhas de conscientização voltadas à população.
Wagner Ferreira (PV), um dos vereadores que assinou o requerimento de audiência, ressaltou a importância de a capital mineira se engajar no tema.
“Não é tudo com Brasília. Às vezes a gente tem a mania de ficar terceirizando para o poder público federal porque parece mais simples do que a gente encarar o problema; mas os impactos são aqui na cidade. O problema está aqui colocado, a gente precisa se responsabilizar”, afirmou, segundo publicação oficial no site da Câmara.
O parlamentar informou ainda que esta foi a primeira de uma série de audiências públicas que irão discutir o impacto das apostas online, com a participação futura de clubes de futebol, empresas de apostas e familiares de pessoas afetadas.
Segundo a gerente-adjunta da Rede de Saúde Mental de Belo Horizonte, Diana Amarante, já é possível observar o aumento de diagnósticos de ludopatia, depressão e ansiedade relacionados ao vício em apostas. Ela destacou, no entanto, a dificuldade em contabilizar os casos de ludopatia, já que a doença costuma ser identificada de forma secundária.
“Esse diagnóstico da ludopatia se apresenta de forma secundária. O que aparece principalmente são quadros de depressão e ansiedade (...). O que a gente vê como saída não seria somente ter um centro de atenção especializada voltado à ludopatia (...). O que a gente vê é uma necessidade de regulamentação”, declarou Amarante.
A psicóloga do Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam), Thaís Nascimento, chamou atenção para os “atravessamentos sociais” do vício em apostas, especialmente a exposição dos jovens à publicidade do setor.
“A gente fala em determinantes sociais em saúde. Então a gente precisa pensar a comunicação com os jovens, como isso está aparecendo na publicidade, na propaganda. Está sendo estimulado sem uma regulamentação. (...) Esse é um problema complexo e a gente não pode pensar em soluções simples, precisa vir por várias vias”, disse.
O presidente da Rede Abraço, Gladstone dos Anjos destacou o crescimento do grupo de apoio “Jogadores Anônimos”, que saltou de 140 para quase 500 participantes mensais, tornando-se o núcleo que mais cresce na instituição. Ele defendeu que parcerias com o poder público poderiam ampliar esse atendimento.
O vereador Wagner Ferreira adiantou que outras secretarias municipais já foram acionadas e que as propostas discutidas serão avaliadas, sobretudo no que se refere ao fortalecimento da rede de saúde mental e à elaboração de uma campanha conjunta de conscientização entre a Câmara, a prefeitura e a sociedade civil.