BALANÇO DO EVENTO

Seminário da Cibelae em Foz do Iguaçu reúne mais de 150 participantes de 16 países

03-07-2025
Tempo de leitura 4:10 min

A Corporação Ibero-Americana de Loterias e Apostas de Estado (Cibelae) comemorou a conclusão do seu Seminário Internacional de Jogo Seguro, Responsável e Sustentável nas Loterias, realizado em Foz do Iguaçu entre os dias 24 e 26 de junho. Segundo a organização, o evento foi um “sucesso retumbante” e contou com a presença recorde de mais de 150 participantes de 16 países.

O encontro organizado pela Cibelae, com o apoio da World Lottery Association (WLA) e da Loterias do Estado do Paraná (Lottopar) como anfitriã, contou com participantes da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Honduras, México, República Dominicana, Cingapura e Uruguai e se posicionou como um “marco crucial para o fortalecimento da integridade do setor de loterias e a promoção de práticas responsáveis e sustentáveis”.

O evento abordou desafios de extrema importância para o setor, como o combate ao jogo ilegal e a necessidade de uma governança sólida, reafirmando o compromisso da indústria com a transparência e o bem-estar social.

A luta contra o jogo ilegal e a proteção da integridade do setor

Andreas Kötter, presidente da WLA, destacou a importância dos padrões da WLA (Padrão de Controle de Segurança – SCS e Estrutura de Jogo Responsável – RGF) como pilares da integridade do setor, que “diferenciam nossa indústria de qualquer outro ator no mercado”, afirmou o executivo. Além disso, ele sustentou que, em um mundo “varejista e digital” onde as fronteiras se confundem, é importante estar alerta contra o jogo ilegal e a necessidade de combatê-lo.

Nesse sentido, a WLA destacou que iniciou um projeto de “abordagem híbrida” com a Universidade de Lausanne, a Interpol, a UNODC e o FBI, entre outros, para quantificar o mercado ilegal. Kötter classificou essa aliança como uma “união dos bons”.

Outro ponto destacado pelo representante da WLA é o das “apostas em loterias” que operam a partir de jurisdições com impostos mais baixos, minando o modelo de loterias legítimas que contribuem para causas sociais e pagam impostos. Kötter revelou que o Brasil é o segundo país com maior tráfego para uma dessas plataformas (20%).

Também foi discutido o risco dos serviços de compras em massa (bulk purchase), citando um caso concreto em que um sindicato adquiriu 99,3% das combinações para ganhar um prêmio de US$ 95 milhões. A WLA expressou “sérias preocupações” e está desenvolvendo salvaguardas, como a limitação de terminais e o rastreamento de grandes compras.

Quanto às apostas esportivas, Kötter foi enfático: “Quem agir ilegalmente não pode ser membro da nossa associação”. Além disso, ele anunciou o fortalecimento da United Lotteries for Integrity in Sports (ULIS) para prevenir e detectar atividades de apostas irregulares.

Regis Dudena

Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, destacou que a regulamentação é fundamental para proteger as pessoas e a economia popular. Em relação às bets no Brasil, ele criticou o crescimento desordenado devido à falta de regulamentação inicial, o que levou a que “praticamente 50% das plataformas de apostas hoje no país sejam ilegais”.

Ele também detalhou as ações do Brasil contra o jogo clandestino, o combate à publicidade ilegal por meio de acordos com plataformas e a interrupção de fluxos financeiros para casas irregulares, aplicando o princípio de “siga o dinheiro”.

Dudena também mencionou a criação do Sistema Nacional de Apostas, uma iniciativa que reúne 16 estados e o Distrito Federal para fortalecer a regulamentação e o controle em nível nacional.

Sobre o mesmo assunto, Marcela Sánchez e Agustín Li Gambi, da Comissão de Assuntos Jurídicos da Cibelae, apresentaram um estudo sobre o jogo ilegal na América Latina. Sánchez destacou que a colaboração é a “chave” para enfrentar os desafios da indústria e conscientizar o consumidor sobre a importância de adquirir produtos legais para apoiar causas sociais.

Bernardo Núñez, gerente tecnológico da Polla Chilena de Beneficencia, revelou o impacto brutal das casas de apostas ilegais no Chile, que investem “cinco vezes mais em publicidade” do que a entidade, resultando em uma perda anual estimada de US$ 5 milhões para o fisco e seus beneficiários.

Samanta Solórzano, da Junta de Proteção Social da Costa Rica (JPS), explicou que 51% dos pontos de venda físicos são ilegais em seu país, gerando uma perda de US$ 600 milhões para a JPS, e alertou sobre a dificuldade de competir sem uma legislação específica que combata essas práticas.

Daniel Romanowski, diretor-presidente da Lottopar, enfatizou que os problemas do setor “costumam ultrapassar fronteiras” e que é necessário “conhecimento, com dados, para resolvê-los”. Nesse sentido, ele reconheceu que as loterias aprendem com as experiências da WLA e da Cibelae para tomar decisões assertivas.

Daniel Romanowski (à direita)

Jogo responsável e sustentabilidade

Nesse aspecto, o seminário enfatizou o “Jogo Seguro, Responsável e Sustentável” como eixo central, com apresentação de painéis sobre:

  • Estudos de prevalência para compreender o impacto da atividade na sociedade.
  • Design de produtos com enfoque responsável e uso de escalas de risco.
  • Tecnologias e inteligência artificial (IA) para a proteção do jogador e a detecção de sites ilegais.
  • Comunicação e publicidade responsável, com Alfonso Galiano (ONCE) compartilhando boas práticas.
  • Certificações de Jogo Responsável da WLA, com Mélissa Azam (WLA) e Xu Ming (China Sports Lottery) detalhando sua importância.
  • Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e Sustentabilidade, incluindo a aplicação de princípios ESG (ambientais, sociais e de governança) como base para o crescimento do setor.

Mónica Gutiérrez, especialista em Sustentabilidade, e Christine Wechsler e Stephanie McFadden, da Scientific Games, exploraram como integrar a responsabilidade e a sustentabilidade no ecossistema da loteria para um “futuro resiliente”.

Foi abordado o papel social das loterias, mostrando como seus recursos financiam causas sociais, contribuem para a redistribuição, inclusão e sustentabilidade.


A Cibelae apresentou suas ferramentas para o desenvolvimento sustentável, incluindo uma plataforma de treinamento online, webinars, bolsas da WLA e acesso ao sistema de monitoramento da ULIS.

Da mesma forma, destacou-se o desenvolvimento de um padrão técnico em prevenção à lavagem de dinheiro com três níveis de conformidade, um “sonho tornado realidade que já está dando frutos”, segundo Carolina Galtieri, coordenadora da comissão técnica de PLA/FT da Cibelae.

O evento também incluiu um painel de “Mulheres líderes e Sustentabilidade”, destacando a perspectiva de gênero para o crescimento do setor.

Por fim, a Cibelae garantiu que o seminário reafirmou “o compromisso do setor com um modelo de jogo justo, seguro e responsável, que gera valor social e contribui para o desenvolvimento das comunidades”.

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