O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deve abrir, nos próximos dias, um inquérito para investigar o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por suposta manipulação de resultados. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (6), quando o tribunal recebeu documentos e provas que ligam o jogador ao caso, segundo publicou a CNN.
A denúncia levanta suspeitas de que o atleta teria prejudicado intencionalmente sua própria equipe, o que configura infração ao artigo 243, parágrafo 1º, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) — que trata sobre manipulação de resultados em competições esportivas.
Se comprovada a infração, Bruno Henrique pode sofrer punições severas, que vão de suspensão por tempo determinado até banimento do esporte, a depender da gravidade dos fatos apurados.
A investigação acontece em meio ao avanço de operações contra esquemas de apostas esportivas no país. O futebol brasileiro tem sido alvo recorrente de denúncias envolvendo jogadores e plataformas de apostas, o que tem preocupado tanto autoridades esportivas quanto órgãos reguladores do setor.
Em novembro de 2024, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bruno Henrique, incluindo o centro de treinamento (CT) do Flamengo. O celular do jogador foi apreendido e, em mensagens, os investigadores encontraram indícios da manipulação. Em uma das conversas, o irmão de Bruno pergunta quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atleta responde: "Contra o Santos".
As investigações começaram após três casas de apostas identificarem movimentações atípicas em relação à advertência recebida pelo atacante naquela partida. Em uma delas, 98% das apostas de cartões estavam direcionadas a Bruno Henrique; em outra, 95%.
Na ocasião, o jogador entrou em campo pendurado e foi advertido com cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo, após falta em Soteldo. Em seguida, reclamou e foi expulso. Até aquele jogo, Bruno havia recebido cinco cartões em 22 partidas no campeonato.
Mesmo diante das suspeitas, o Flamengo não afastou o atleta, que se manifestou poucos dias depois, ao fim da campanha vitoriosa na Copa do Brasil:
“Minha vida e a minha trajetória, desde que comecei a jogar futebol, nunca foram fáceis. Mas Deus sempre esteve comigo. Estou tranquilo em relação a isso, junto com meus advogados, empresários e pessoas que estão nessa batalha comigo. Peço que a justiça seja feita.”
O caso também chegou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que decidiu, na época, não instaurar inquérito. Segundo o tribunal, "a Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador”.
Agora, o relatório da PF será analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, responsável por decidir se oferece ou não denúncia contra os investigados.