Cassinos norte-americanos em Macau enfrentam riscos geopolíticos crescentes, diz agência Fitch

Os operadores de cassinos dos EUA Las Vegas Sands (LVS), Wynn Resorts e MGM Resorts International enfrentam crescentes obstáculos geopolíticos em Macau devido às tensões comerciais entre os EUA e a China, disse a agência internacional de classificação de risco Fitch Ratings, embora os piores cenários continuem improváveis.

As três operadoras, que juntas respondem por mais da metade da receita bruta de jogos de Macau, têm atuação significativa na região. Macau contribuiu com 63% da receita do Las Vegas Sands em 2024, 52% para o Wynn e 23% para a MGM.

Embora as tensões crescentes tenham levantado preocupações sobre possíveis retaliações contra empresas americanas, a Fitch observou que atualmente não há sinais de que a China tenha como alvo empresas de cassino que operam em seu território.

"A China tem como alvo empresas estrangeiras após disputas diplomáticas no passado, e essas ações normalmente envolvem maior escrutínio regulatório em vez de proibições definitivas", disse a Fitch.

A agência de classificação afirmou que o pior cenário possível seria a rescisão ou a não renovação, em 2032, das licenças de jogos das operadoras americanas em Macau. No entanto, destacou que considera esse desfecho "altamente improvável".

"Um cenário em que operadores norte-americanos sejam obrigados a vender suas operações em Macau pode se tornar mais plausível se as relações entre os EUA e a China se deteriorarem ainda mais no médio prazo, mas isso não está previsto no horizonte de previsão", disse a agência.

A Fitch também sinalizou preocupações com o impacto do enfraquecimento da economia chinesa, com a expectativa de que condições macroeconômicas mais brandas pressionem as receitas de jogos de Macau. No entanto, potenciais medidas de estímulo do governo poderiam compensar parte dessa pressão, acrescentou.

Apesar desses riscos, a Fitch afirmou que a sólida posição financeira das operadoras ajuda a mitigar os desafios. 

"A LVS tem ampla margem de manobra nos níveis atuais, com índices de alavancagem projetados próximos às sensibilidades de rating positivas", afirmou a agência, acrescentando que a liquidez das empresas era "abundante, sustentada por altos níveis de caixa e forte fluxo de caixa livre projetado, apesar dos pagamentos de dividendos, recompras de ações e projetos de investimentos em capital".

A dependência de Macau das receitas de jogos (que representam cerca de 80% da sua receita tributária) e os investimentos substanciais prometidos pelas operadoras dos EUA em projetos não relacionados a jogos na próxima década também favorecem as empresas, disse a Fitch.

Os negócios das operadoras norte-americanas em Macau são estruturados por meio de subsidiárias listadas publicamente em Hong Kong e são legalmente protegidas de suas entidades controladoras norte-americanas, com emissões de dívida separadas e sem garantias entre os grupos.