O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), anunciou nesta quarta-feira, 8 de outubro, que decidiu permanecer no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contrariando a orientação do seu partido.
Sabino afirmou à imprensa que só deixará a administração federal para disputar as eleições no Pará, e que ainda apresentará sua defesa no processo de expulsão aberto pelo União Brasil.
A decisão ocorre em meio à pressão da legenda, que determinou que todos os filiados deixem cargos no governo federal. Embora ocupe posições na Esplanada, o União Brasil nunca assumiu formalmente uma postura alinhada ao Palácio do Planalto — e, com as movimentações para as eleições de 2026, o partido reforça o distanciamento do governo, orientando seus quadros a se desligarem dos ministérios.
Na mesma data, o União Brasil divulgou uma nota oficial informando que a Comissão Executiva Nacional deliberou pela intervenção no Diretório Estadual do Pará, que passará a ser conduzido por uma comissão provisória interventiva. Além disso, decidiu pela suspensão cautelar de Sabino de suas atividades partidárias.
“Conforme o estatuto do partido, o caso será encaminhado ao Conselho de Ética, que terá 60 dias para se manifestar quanto ao mérito das representações”, diz o comunicado assinado por Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil.
Durante sua gestão, Sabino se destacou como um dos principais defensores da legalização dos cassinos no Brasil, tema que vê como estratégico para alavancar o turismo, gerar empregos e aumentar a arrecadação tributária. O ministro apoia publicamente o Projeto de Lei (PL) 2.234/2022, que propõe liberar a operação de cassinos físicos, bingos e jogo do bicho no país.
Em entrevista à CNN Brasil em 2024, Sabino afirmou que a legalização dos cassinos pode transformar a indústria do turismo nacional, atraindo grandes investimentos e competindo com países vizinhos.
“Apenas um empreendimento [resort integrado com cassino] vai mobilizar mais de bilhões de reais para sua implantação. Nós pretendemos ter pelo menos um em cada estado da federação. Haverá estados que poderão ter mais de um, dado o seu tamanho territorial e também a sua população. Esses empreendimentos vão marcar a história do turismo brasileiro. Esses esforços do governo federal, somados à aprovação desse projeto, vão colocar o turismo brasileiro em um outro patamar”, declarou, na época.
Para o ministro, o Brasil precisa se equiparar a países como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde cassinos já operam legalmente e atraem turistas — inclusive brasileiros. Em 2024 e 2025, o Senado tentou votar o PL 2.234/22 em duas ocasiões, mas a proposta foi retirada de pauta diante do risco de derrota e da forte resistência de setores conservadores, especialmente da bancada evangélica.
Ainda não há uma data específica para que o tema volte à pauta do Senado, mas há a expectativa de que isso possa ocorrer até o final do ano.