PAINÉIS GLOBAIS, SBC AWARDS E FESTA DE ENCERRAMENTO

SBC Summit Lisboa 2025 encerra com recorde de público, debates globais e noite de celebração

19-09-2025
Tempo de leitura 6:10 min

As cortinas se fecharam para o SBC Summit Lisboa 2025 com um dia lotado, que destacou tanto os desafios quanto as oportunidades que moldam a indústria global de apostas e jogos. Dos debates sobre o futuro de fusões e aquisições (M&A) e a resiliência da regulamentação na Ásia, até a difícil batalha do Brasil contra fraudes, as conversas foram tão diversas quanto o público internacional de 30 mil pessoas que esteve na capital portuguesa nesta semana.

O terceiro dia do Summit — quinta-feira, 18 de setembro — foi tão movimentado quanto o de abertura, com painéis cheios, pavilhões de exposição lotados e um encerramento festivo no SBC Awards e no INFINITY Festival.

Destaques da conferência

Otimismo em M&A encontra cautela

O dia contou com uma das discussões mais aguardadas da semana: um painel sobre fusões, aquisições e investimentos, com grandes nomes dos setores de apostas e investimentos.

Para Tom Field, Diretor de Estratégia Corporativa & M&A da Flutter International — amplamente considerada a adquirente mais ativa em apostas globais —, o histórico do setor fala por si. “O setor de jogos se mostrou muito resiliente ao longo de muitos anos”, lembrou aos participantes, demonstrando confiança de que a indústria pode enfrentar os ventos macroeconômicos atuais.

Adam Rosenberg, Senior Advisor na Blackstone, trouxe uma perspectiva focada nos EUA. Ele argumentou que os recentes cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, acompanhados por outros reguladores de mercado, estão criando um ambiente mais favorável para investimentos. “Todos os sinais são positivos”, disse ele, destacando um novo impulso para fusões e aquisições nos EUA.

Mas o otimismo foi equilibrado pelas palavras de alerta de Klen Kaljulaid, da Yolo Investments. Ao declarar que o setor “nunca esteve em maior turbulência do que agora”, ele apontou a batalha constante entre mercados ilegais e operadores regulamentados, além das mudanças imprevisíveis no comportamento do consumidor.

Ele comentou que o aumento expressivo de mercados de previsão, como o Kalshi, estão borrando as fronteiras entre apostas e especulação financeira de forma que investidores precisam acompanhar de perto.

O quebra-cabeça político e regulatório da Ásia

Se as finanças globais permanecem incertas, o cenário regulatório da Ásia é ainda mais complexo. Lau Kok Keng, Head de Propriedade Intelectual, Esportes & Jogos da Rajah & Tan Singapore, apresentou aos participantes um estudo de caso sobre a Tailândia.

No início deste ano, um projeto de lei há muito aguardado para legalização de cassinos foi abruptamente arquivado poucas semanas antes da análise no Senado. Keng explicou que a decisão estava ligada não apenas a acontecimentos políticos recentes, mas também a uma série de dinâmicas históricas e constitucionais que remontam a 1932. Um conflito de fronteira com o Camboja em julho acelerou a nomeação de um primeiro-ministro anti-jogos de azar, matando o impulso para o projeto.

“O projeto precisa de uma combinação perfeita de condições para voltar à pauta no próximo ano”, observou Keng, ressaltando como o cenário asiático pode ser volátil e imprevisível.

A corrida regulatória da Índia

A Índia também foi foco de debate, com especialistas discutindo a recente proibição de jogos com dinheiro real pelo governo.

A advogada Ranjana Adhikari foi particularmente crítica, chamando a medida de resultado de “opiniões confusas” que priorizaram a imagem política em detrimento da proteção ao consumidor. Ela argumentou que os interesses dos jogadores, e não a cautela do governo, deveriam ter sido prioridade.

Trazendo uma visão oposta, Japneet Sethi, Chief Growth Officer da iGaming NDA, sugeriu que a proibição pode trazer clareza. Ao resolver o antigo debate entre “habilidade x sorte”, disse ele, a legislação poderia, em última análise, atrair confiança de investidores. Ainda assim, ele admitiu que a resistência em nível estadual pode complicar a implementação.

A conclusão do painel foi sóbria: com ou sem proibição nacional, os operadores não licenciados continuam atuando praticamente sem fiscalização, deixando o mercado ilegal intocado, enquanto empresas legítimas são as mais prejudicadas.


SBC Summit 2025 apresentou uma programação cheia

O problema da fraude no Brasil

Nenhum mercado gerou comentários tão francos quanto o Brasil, onde os painelistas destacaram a dificuldade de aplicar medidas de KYC (Know Your Customer) e de combate à fraude no cenário recém-regulamentado.

“Os brasileiros são muito criativos, e por isso os provedores de serviço de KYC precisam pensar no que pode acontecer”, disse Laura Beatriz de Souza Morganti, Regulatory Compliance Counsel na BetBoom. Ela enfatizou que fraudadores frequentemente encontram brechas mais rápido do que os sistemas de conformidade conseguem se adaptar.

Barbara Teles, Diretora de Jurídico e Compliance da Stake, reforçou a ideia: “Todo dia vemos um novo desafio.” Ela destacou a necessidade de os operadores superarem os fraudadores em inovação, adotando boas práticas globais e ferramentas de mercados europeus maduros.

Para o Brasil, concluiu ela, essa transição é uma oportunidade de começar do zero com bases mais sólidas — mas somente se a criatividade vier acompanhada de vigilância.

SBC Summit atinge marco de 30 mil participantes

Se os painéis mostraram os desafios do setor, a coletiva de imprensa da tarde destacou o crescimento da indústria e o papel crescente de Lisboa como cidade-sede.

Dennis Algreen, Senior Marketing Director, confirmou que o SBC Summit 2025 atraiu 30 mil participantes, um aumento de 20% em relação à estreia do evento em Lisboa no ano anterior. O público representou 150 países, com crescimento particularmente forte na África (+78% em relação ao ano anterior). A área de exposição cresceu para 135 mil m², com a participação de 235 novos patrocinadores e quase 6 mil executivos C-level.

Algreen também destacou a visão cada vez mais global do evento, apontando para as palestras de nomes de fora da indústria de jogos, incluindo Gary Vaynerchuk e Randi Zuckerberg. “Não pretendemos ter todas as respostas para o setor, e é por isso que buscamos os principais especialistas”, disse ele.

No lado do entretenimento, Andrew McCarron, Managing Director, falou sobre os desafios de organizar um evento do porte do Legends Game, que colocou as Portugal Legends contra as World Legends na segunda-feira, com o objetivo de arrecadar €1 milhão para caridade.

Questionado pelo Yogonet se o esforço valeu a pena, McCarron respondeu com um sonoro sim. “Foi algo que ajudou a atrair muita atenção, tanto localmente aqui em Lisboa quanto internacionalmente”, disse. “Não vamos deixar Lisboa tão cedo, então é importante pensar não só na indústria, mas também em como a cidade nos recebe e no impacto positivo que podemos gerar.”

O jogo foi transmitido em 19 jurisdições — com meio milhão de espectadores apenas na Espanha — e os esforços de arrecadação foram liderados pela contribuição de €150 mil da Kaizen Gaming.

“Não acho que vamos entender totalmente o impacto antes de algumas semanas, quando resultados e feedback começarem a chegar. Saímos de nunca termos organizado algo assim para entregar nosso maior evento de todos os tempos, então ainda há muito a processar”, destacou McCarron. Senior Marketing Director Dennis Algreen (esq.) e Managing Director Andrew McCaroon

Prêmios e entretenimento encerram o evento

A tarde final também trouxe inspiração para empreendedores, com a AIStats sendo nomeada vencedora da competição First Pitch 2025. O fundador Alexey Vorobey garantiu um pacote de investimento de €90 mil para acelerar o crescimento da empresa. “Nunca desista, siga sua ideia”, disse ele aos demais empreendedores, relembrando sua jornada desde os tempos de startup autofinanciada.

Algumas horas depois, o último dia do SBC Summit terminou com celebração em vez de debate. No SBC Awards 2025, realizado na MEO Arena e apresentado pela lenda do futebol holandês Edwin van der Sar, foram entregues 37 prêmios diante de 1.200 líderes da indústria.

A Kaizen Gaming foi a grande vencedora, mantendo o título de Operadora do Ano – Grande Porte e conquistando também o de Operadora de Apostas Esportivas do Ano. Outras vitórias de destaque incluíram o Betsson Group como Operadora de Cassino do Ano, 1xBet pela Campanha de Marketing do Ano e Novibet pela Inovação em Cassino & Entretenimento de Jogos.

O encerramento do Summit foi marcado pelo INFINITY Lisbon, um festival VIP com apresentações de Alok e Timmy Trumpet, fechando com energia uma semana de recordes.

SBC Summit 2025 Lisboa

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