No cenário atual do iGaming, desempenho e confiabilidade são inegociáveis. Os operadores enfrentam o desafio constante de oferecer jogabilidade contínua e serviços ininterruptos, mesmo durante picos repentinos de tráfego ou campanhas promocionais complexas. Nos bastidores, os parceiros de tecnologia precisam garantir que escalabilidade, velocidade e resiliência estejam presentes em todas as camadas da infraestrutura.
A SOFTSWISS conquistou a reputação de fazer exatamente isso, combinando arquitetura flexível com monitoramento em tempo real e uma estratégia de infraestrutura global.
Nessa entrevista compartilhada com o Yogonet, Denis Romanovskiy, vice-CTO da SOFTSWISS, explica como a empresa equilibra monólitos e microsserviços, lida com picos imprevisíveis de tráfego e apoia operadores que entram em mercados em rápido crescimento, como América Latina e África.
Como vocês garantem que cada cliente tenha desempenho previsível e resiliência mesmo durante picos de tráfego ou falhas de código, sem impactar o restante do portfólio?
Damos a cada marca sua própria infraestrutura e conjunto de servidores dedicados, para que funcionem de forma independente e segura. Na prática, os clientes raramente usam mais de 30% da capacidade alocada. Assim, têm bastante margem para picos repentinos e até certa tolerância a erros de código sem colocar a estabilidade em risco.
Os componentes críticos para o negócio são totalmente separados por marca, enquanto algumas partes não críticas podem ser compartilhadas. Como os recursos são isolados, se um cliente enfrenta um aumento repentino de tráfego ou um bug, isso não afeta os demais – sem falhas em cascata e sem danos colaterais.
E quando essa reserva não é suficiente – por exemplo, se uma promoção viraliza – como vocês escalam no momento? Confiam em autoscaling ou em outra abordagem?
O autoscaling não é a melhor solução para picos repentinos e de curta duração. Ele não acompanha se uma promoção viraliza e cresce mais rápido do que o esperado. Nesses casos, nosso time de SRE monitora o sistema em tempo real e adiciona capacidade extra na hora. Mantemos uma “reserva aquecida” pronta para uso, o que nos permite dobrar os recursos em poucos minutos. Além disso, antes de expandir grandes promoções globalmente, lançamos em mercados menores ou fora do horário de pico e verificamos todos os indicadores. Assim, garantimos o funcionamento contínuo sem risco de indisponibilidade.
Quais armadilhas técnicas comuns impedem marcas de iGaming de escalar, e como a SOFTSWISS ajuda a evitá-las?
A maior armadilha é insistir em um monólito gigante à medida que cresce ou, ao contrário, começar já com uma pilha completa de microsserviços antes de realmente precisar. Um monólito pesado atrasa cada implantação, enquanto a falha de um único serviço pode derrubar todo o site.
Na SOFTSWISS, construímos uma arquitetura flexível que combina as duas estratégias. Começamos com um monólito modular: tudo junto para acelerar o desenvolvimento, mas dividido em módulos lógicos como jogos, bônus, back-office e relatórios. Conforme o tráfego cresce, extraímos as partes mais demandadas em microsserviços dedicados, para que cada um possa ser escalado e implantado de forma independente.
Essa abordagem “monólito primeiro, microsserviços depois” dá às marcas rapidez no lançamento e um caminho claro de migração quando amadurecem.
E quanto ao desempenho em diferentes regiões do mundo? Como manter tempos de resposta baixos em vários mercados?
Nossa estratégia híbrida começa com pontos de presença regionais, seja na Europa, América Latina ou África do Sul. Usamos infraestrutura geodistribuída – configurações instaladas nas regiões onde estão os usuários, o que melhora a performance do produto.
Para os serviços centrais, operamos clusters Kubernetes tanto na infraestrutura da Oracle Cloud quanto em nossos próprios data centers. Assim, temos flexibilidade para trocar de provedor ou recorrer ao nosso hardware. Esse mix garante que os operadores nunca paguem em excesso pela capacidade de pico em todas as regiões, além de manter a plataforma online mesmo se um provedor de nuvem sofrer interrupções.
Pode explicar como combinam monólitos e microsserviços para lançamentos rápidos e escalabilidade de longo prazo?
Claro. Começamos com um monólito limpo e bem estruturado, com bibliotecas compartilhadas para logging, métricas e acesso ao banco de dados. Isso nos dá ciclos rápidos de desenvolvimento e implantações simples. Conforme o tráfego cresce, identificamos as partes que recebem maior carga ou lidam com dados mais críticos e as transformamos em microsserviços independentes.
Por exemplo, o serviço de torneios lida com rankings e chaves, podendo escalar de forma autônoma. O serviço de registro é projetado para absorver explosões de cadastros – até milhares de novos jogadores em segundos. E o conector de KYC nos dá uma camada flexível de integração com provedores regionais de identidade, permitindo adicionar ou trocar fornecedores na África, Brasil ou Europa sem mexer no aplicativo principal.
Dessa forma, os operadores têm a agilidade de um monólito no início e uma rota clara para migrar para microsserviços quando necessário.
Para marcas que estão se expandindo em novas regiões como América Latina ou África, quais principais “truques de sobrevivência” você recomendaria?
Primeiro, construa um frontend “edge-first” – carregamento lento de assets, compressão de imagens, cache agressivo no navegador. Jogadores com conexões lentas ainda terão uma experiência ágil.
Segundo, insira circuit breakers em tudo – APIs de pagamento, chamadas de KYC, serviços de jackpot – para que, se um sistema externo travar, o restante da plataforma continue funcionando.
Terceiro, configure zonas locais de dados: implemente réplicas de sessão e perfis de usuário na própria região para baixa latência e conformidade com regras de residência de dados, depois replique de volta ao cluster central de forma assíncrona. Esses passos transformam o que poderia ser um pico devastador do sistema em apenas uma tarefa rotineira do dia a dia.