"O vício em apostas em sites e jogos online está levando trabalhadores a perder dinheiro e pedir ajuda financeira a seus empregadores para cobrir dívidas e pagar contas domésticas", afirma reportagem da UOL publicada neste final de semana.
A matéria cita vídeo que viralizou publicado pelo empresário Rafael Tenório, dono de empresas com cerca de dois mil funcionários em Alagoas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso, em que afirma o aumento desproporcional quantidade de trabalhadores pedindo adiantamento de salário e outros benefícios.
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Tenório conta que há trabalhadores usando até os celulares da empresa, que ficam com eles, para jogar. Muitas vezes, de madrugada. "Começamos a perceber um baixo rendimento de alguns funcionários que usam celular da empresa e fomos verificar: muitos deles ficavam jogando até as 2h, 3h da manhã. Havia um prejuízo emocional e, claro, no rendimento", afirma.
Após a publicação, Tenório afirma ter sido procurado por outros empresários, que relataram a mesma preocupação. "Um deles me disse que tem uma fazenda onde se chega de burro, e o caseiro, que mora em um local isolado, estava enfrentando o mesmo problema, endividado".
Também ouviu relatos de trabalhadores que estão devendo para bancos e até para agiotas, porque estavam comprometendo suas rendas com jogos. "Tem relatos de pessoas que afirmaram pensar em tirar a vida. Percebemos que é muito mais grave do que se imaginava e tínhamos de agir, ajudar essas pessoas".
Preocupação dos lojistas
Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), afirma que a preocupação dos empresários com os jogos já é perceptível.
Ele cita a mais recente pesquisa de inadimplência CNDL/SPC Brasil, que mostra que o número de brasileiros com alguma dívida em atraso subiu em abril, atingindo 69 milhões. "Esse número não é à toa", afirma
"Pelo volume financeiro que está sendo movimentado nesse mercado, paralelamente a esse nível de endividamento individual, a gente conclui, sem medo de errar, que existe um impacto social dessas apostas. Temos visto isso tanto no mercado de trabalho como no endividamento das famílias"
Diante disso, Sakamoto diz que a CNDL vai incluir, na próxima pesquisa de hábitos de consumo, os jogos online como opção de resposta para a pergunta "para onde está direcionando gastos?." "Aí vamos saber se as pessoas já admitem isso e qual é o impacto."