Reportagem da UOL traz depoimento de jogadores compulsivos em sessões do JA (Jogadores Anônimos), com método semelhante ao grupo Alcoólicos Anônimos na recuperação de pessoas com vício em apostas.
"É algo dolorido, gastei muito dinheiro, vendi meu carro e usei o valor em jogos online. Sinto vergonha de mim e que me falta caráter, me vejo como uma pessoa ruim. Isso é uma doença, nunca consegui comprar nada com o que ganhava, mas a sensação de ganhar é tão grandiosa, a melhor que já tive na vida. Mas quando perdia, eu queria deixar de existir. Tem dias que não quero levantar da cama. Peço que Deus me leve", afirmou uma mulher chamada de Patrícia (nome fictício) pela reportagem.
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O vício em jogos é reconhecido como um transtorno psicológico pelos dois principais manuais de diagnósticos atualmente utilizados —o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde)
Em janeiro, o governo federal anunciou que prepara um sistema para monitorar, em tempo real, todas as apostas on-line feitas pelas empresas que se registrarem para operar no Brasil. O Serviço Federal de Processamento de Dados desenvolverá o programa que identificará fraudes no pagamento de impostos, e também irá monitorar os perfis de apostadores e alertá-los para um possível vício.
Jogo responsável
A reportagem chama a atenção para o fato de que a lei de regulamentação previu o conceito de "jogo responsável", com o intuito de proteger os grupos mais vulneráveis, obrigando as casas de apostas a oferecerem informações claras sobre os riscos envolvidos. O governo também publicou portaria impondo limites à publicidade.
Mas também apresenta um levantamento feito pelo Aposta Legal Brasil, com 1.067 apostadores brasileiros maiores de 18 anos entre dez/2023 a jan/2024, em que nenhuma das 10 casas de apostas pesquisadas cumpre todas as políticas criadas pelo site para atender o conceito de "jogo responsável", que variam de pausa de horário escolhida pelo jogador para evitar jogar durante o trabalho e em momentos importantes, até um limite máximo de perdas.
O jogo responsável é uma grande preocupação do setor, e reportagens como esta alertam para a necessidade de estabelecer regras e normas restritas aos apostadores com risco de desenvolver ludopatia.