Com a promessa de “colocar tudo a limpo, abrindo as caixas pretas”, a CPI das Apostas Esportivas (CPiae) foi instalada nesta quarta-feira (10) no Senado federal.
Com Kajuru (PSB-GO) e Eduardo Girão (Novo-CE) como presidente e vice-presidente, respectivamente, e Romário (PL-RJ) como relator, a comissão prometeu dedicação na investigação de denúncias sobre manipulação de resultados e casas de apostas esportivas.
"Eu tenho certeza que essa CPI tem alguns objetivos e nós vamos alcançá-los. Nós sabemos dos problemas que o nosso futebol vive (...) ao longo desses anos. Aqui são pessoas que querem, definitivamente, colocar tudo a limpo, querem abrir as caixas pretas dessas casas de apostas que existem no nosso país, entender, conhecer melhor que tipo de manipulação vem acontecendo e quais são os autores e atores dessas manipulações", disse Romário, autor do requerimento (RQS 158/2024) que originou a CPI.
O ex-jogador Romário foi o autor da proposta de abertura da CPI no Senado
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As denúncias a serem investigadas pela CPI envolvem jogadores, dirigentes e empresas de apostas. No seu requerimento, Romário afirma que as apostas esportivas movimentam muito dinheiro atualmente e que o possível aliciamento de jogadores e dirigentes para manipulação de resultados pode colocar em risco a credibilidade dos jogos.
A CPI se reunirá todas as quartas-feiras, às 14h. Excepcionalmente, quando estiver previsto um depoimento de maior duração, a comissão poderá se reunir também segunda-feira, às 15h.
Vale lembrar que uma CPI com o mesmo objetivo foi encerrada na Câmara dos Deputados em setembro do ano passado sem a votação do relatório final, e com sérias acusações sobre pedido de propina e tráfico de influência nas negociações políticas sobre apostas esportivas.
CPI da Câmara de Deputados terminou sem nenhum resultado prático
Segundo a revista Veja, o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), relator da CPI das Apostas Esportivas e parte da base governista, teria pedido R$ 35 milhões ao presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, Wesley Cardia, em troca de duas contrapartidas: defender seus interesses na regulamentação do setor e proteger a associação na CPI da qual é relator.
Denúncias
Kajuru afirmou que a CPI já deve começar os trabalhos na próxima semana e que a intenção é convidar como primeiro depoente o dono da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, John Textor.
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O norte-americano afirma desde o ano passado que tem gravações e provas conclusivas de manipulação de resultados na séria A do Brasileirão e em séries menores, mas até agora não apresentou nada às autoridades ou à CBF.
Punições
Kajuru ainda informou que uma das medidas de punição a serem tomadas pela CPI, se o colegiado chegar à conclusão, com provas, de que houve manipulação de jogos, será o pedido para que a Justiça faça o banimento do responsável do futebol.
"Quem cometer esse tipo de crime será banido do futebol. Não é essa bobagem de condenar por um ano, suspender por 90 dias, não existe isso. Será banido. Terá que procurar outra profissão para trabalhar. E se não for do Brasil, a pessoa será banido do Brasil, nem entra no país", afirmou.
Composição
A CPiae será composta por 11 senadores titulares e 7 suplentes, com 180 dias de duração. Até o momento, os nomes definidos como titulares são os dos senadores Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Marcio Bittar (União-AC), Otto Alencar (PSD-BA), Angelo Coronel (PSD-BA), Jorge Kajuru (PSB-GO), Chico Rodrigues (PSB-RR), Romário (PL-RJ) e Eduardo Girão (Novo-CE). Como suplentes, foram anunciados os senadores Giordano (MDB-SP), Efraim Filho (União-PB), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Carlos Portinho (PL-RJ).