Governo bloqueia mais de 19 mil sites de apostas ilegais e encerra 483 contas bancárias

A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), vinculada ao Ministério da Fazenda, bloqueou 19.180 URLs utilizadas para a oferta de apostas ilegais no Brasil. As informações foram obtidas pela Pay4Fun, por meio de um pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) ao Ministério da Fazenda.

Os bloqueios fazem parte da estratégia do governo para conter a atuação de operadoras que atuam fora do mercado regulado, que entrou oficialmente em vigor em 2024. De acordo com a SPA, esses sites burlam normas de segurança, não recolhem tributos e operam sem garantias ao consumidor, colocando em risco os apostadores.

Além do bloqueio de URLs, o levantamento mostra que, ao longo de 2025, foram removidas 242 páginas e perfis que promoviam publicidade ilegal de apostas entre janeiro e setembro, além de 182 publicações relacionadas à divulgação de bets irregulares.

Sistema financeiro também entra na mira

O relatório aponta que o governo ampliou a fiscalização sobre o fluxo financeiro que sustenta o mercado ilegal de apostas. Entre março e setembro, 483 contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, foram encerradas após indícios de ligação com operações não autorizadas.

As ações também alcançaram o setor de instituições de pagamento. A SPA notificou 22 empresas por suspeita de manutenção de contas irregulares. Segundo o Ministério da Fazenda, as notificações resultaram no encerramento de novas contas e no envio de informações adicionais para apoiar investigações em andamento.

Irregularidades reportadas e casos em análise

O documento revela ainda que 36 instituições — entre bancos, empresas de pagamento e plataformas digitais — comunicaram irregularidades ao governo no período analisado. As denúncias enviadas após 15 de setembro continuam sob análise da equipe técnica.

Para a Fazenda, as medidas são fundamentais para reduzir a concorrência desleal entre operadoras autorizadas e ilegais e para consolidar a regulamentação do mercado de apostas no Brasil.

Segundo Leonardo Baptista, CEO e cofundador da Pay4Fun, o país avançou ao regular as apostas online, mas ainda enfrenta desafios relevantes.

 “Os dados mostram que o mercado ilegal continua muito grande, e é impossível consolidar um setor bilionário enquanto a maior parte das operações permanece fora da fiscalização. Combater o fluxo financeiro irregular e ampliar a regulação para o jogo físico são prioridades claras para o segundo ano da lei. Não regular o que já existe não reduz a atividade, só impede o Estado de acompanhar, arrecadar e proteger o apostador”, afirma o executivo.