No próximo ano, a International Casino Exhibition (ICE) voltará a reunir o mundo do gaming em Barcelona, consolidando-se mais uma vez como um ponto de encontro internacional para a indústria global de jogos.
A três meses do evento, o Yogonet conversou com exclusividade com Liliana Costa, gerente da Clarion Gaming para a América Latina, sobre a importância que a região terá na agenda da ICE 2026 e sobre os principais destaques de um dos eventos mais relevantes do setor.
“ICE não é apenas um evento ao qual a América Latina comparece, é um evento que ouve e aprende com a América Latina”, afirmou a executiva.
ICE é um evento de referência internacional. Qual é a importância da indústria de jogos da América Latina no planejamento e organização desse evento, e de que forma vocês acreditam que, este ano, o setor latino estará representado na feira?
Ao longo da última década, a América Latina consolidou-se como uma região-chave para a indústria global de jogos — não só pelo seu potencial de crescimento, mas também pela maturidade de seus marcos regulatórios e pela inovação tecnológica que vem demonstrando.
Para a equipe da ICE, o mercado latino-americano desempenha um papel central no desenho estratégico do conteúdo, da agenda e das oportunidades de networking do evento.
Trabalhamos muito de perto com autoridades reguladoras, operadores, fornecedores e associações de toda a região para garantir que suas perspectivas estejam refletidas na ICE Barcelona.
Nesta edição, teremos uma presença latino-americana ainda mais visível, com pavilhões nacionais, painéis dedicados aos avanços regionais e um número crescente de tomadores de decisão de mercados-chave como Brasil, México, Colômbia e Argentina. ICE não é apenas um evento ao qual a América Latina comparece — é um evento que ouve e aprende com a América Latina.
Qual é a visão estratégica da equipe da ICE para fortalecer a participação de empresas e profissionais da América Latina? Que ações específicas estão sendo desenvolvidas para atrair operadores, reguladores e fornecedores da região para a edição de Barcelona? Que alianças ou acordos regionais estão sendo explorados?
Nossa visão é que a ICE evolua, deixando de ser apenas uma vitrine global para se tornar um verdadeiro hub internacional, onde cada região contribui com conhecimento, define tendências regulatórias e gera conexões empresariais.
No caso da América Latina, estamos implementando:
• Agendas desenhadas especificamente para legisladores, reguladores e operadores, com foco em desafios locais e oportunidades de investimento;
• Um espaço privado, exclusivo, fora do piso principal da exposição, dedicado a reuniões de alto nível, sessões privadas e networking institucional;
• Alianças estratégicas com associações como CIBELAE, ALEA, ABRAGAMING e outros organismos regionais;
• Programas direcionados a mercados emergentes — em especial o Brasil — que facilitam o contato entre atores locais e investidores internacionais.
Quais pontos você destacaria da Agenda ICE 2026 para a América Latina?
A Agenda ICE 2026 para a América Latina se concentrará em cinco eixos essenciais. Abordaremos:
• A transição regulatória do Brasil, com painéis dedicados ao seu novo marco de apostas e iGaming;
• A cooperação transfronteiriça, com casos de sucesso de Colômbia, Peru e Chile;
• A transformação digital e a localização, explorando IA, pagamentos e proteção ao jogador em contextos locais.
Além disso, haverá espaços dedicados ao crescimento sustentável, incluindo debates sobre jogo responsável e padrões publicitários; e mesas redondas institucionais que reunirão reguladores latino-americanos e europeus para fortalecer a cooperação internacional.
No passado, a ICE organizou eventos na América do Sul, especialmente no Brasil. Atualmente não há uma agenda regional. Vocês planejam retomar eventos na região? Como avaliam o potencial do Brasil na feira deste ano?
A ICE tem uma longa história de presença na América Latina, desde eventos no Brasil e na Colômbia até colaborações de conteúdo com associações locais.
Embora o foco de 2026 seja consolidar a ICE Barcelona como o epicentro global, continuamos explorando formatos regionais que permitam trazer a ICE de volta a mercados emergentes.
O Brasil representa uma oportunidade única. Seu processo regulatório e a escala do mercado o posicionam como um futuro pilar do gaming global.
Para a ICE, o Brasil não é apenas um mercado a ser atendido, mas um parceiro estratégico com o qual construir conhecimento e inovação. Vemos o Brasil não apenas como um destino, mas como uma força motriz na conversa global sobre jogos.
Qual foi o nível de representação da América Latina na última edição e quais expectativas vocês têm para 2026? De que maneira a ICE pode ajudar a posicionar empresas latino-americanas em um ambiente global competitivo?
Na última edição (2025), quase todos os países da América Latina estiveram representados, com forte presença de México, Colômbia, Argentina e Peru. E o Brasil, em plena transição regulatória, terá no próximo ano uma participação ainda mais destacada.
Sabemos que os atores regionais enfrentam um período de transição e incerteza. Entre os motivos estão:
• A complexidade regulatória, com novos marcos e sistemas fiscais;
• A pressão do mercado ilegal, que afeta a percepção pública;
• A fragmentação institucional e a necessidade de espaços de coordenação;
• A falta de visibilidade internacional para empresas e autoridades;
• Um déficit de informação confiável para a tomada de decisões estratégicas.
A ICE responde a esses desafios oferecendo:
• Um ambiente neutro e confiável para o diálogo institucional;
• Inteligência de mercado exclusiva e dados comparativos;
• Conexões diretas com reguladores e parceiros globais;
• Visibilidade internacional para o protagonismo latino-americano no setor de jogos.
Podemos dizer, em resumo, que a ICE é o lugar onde a América Latina encontra o mundo — e, ao mesmo tempo, onde o mundo descobre o potencial latino-americano do gaming.