986 mil sob risco de não efetivar a matrícula

Apostas online podem interromper ou atrasar ingresso de jovens no ensino superior, aponta pesquisa

10-07-2025
Tempo de leitura 2:10 min

O crescimento das apostas online no Brasil pode estar impactando diretamente áreas sensíveis da vida dos jovens brasileiros, especialmente a educação.

Na nova edição da pesquisa O impacto das bets na educação superior, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pela Educa Insights, 34% dos entrevistados afirmaram que "precisariam ter interrompido as apostas para iniciar os estudos no primeiro semestre de 2025; esse número é para 24% quando se considera o segundo semestre", conforme publicado pelo site da entidade.

Entre jovens do Nordeste, o índice ficou em 44%; no Sudeste, 41% deles afirmaram terem sido influenciados, ambos acima da média nacional. O levantamento realizou, entre entre 20 e 24 de março, 2.317 entrevistas de pessoas na faixa etária de 18 a 35 anos em todas as regiões do país e de todas as classes sociais, com interesse em ingressar na educação superior privada. 

Comportamento financeiro

De acordo com a pesquisa, 52% dos entrevistados apostam regularmente, sendo a frequência predominante de uma a três vezes por semana.

Para o primeiro semestre de 2026 a projeção nacional indica que, "dos quase 2,9 milhões de potenciais ingressantes na educação superior privada, aproximadamente 986 mil estão sob risco de não efetivar a matrícula por conta do comprometimento financeiro com apostas on-line".

O comparativo com a pesquisa de setembro de 2024 mostra um aumento de 7,76% no Nordeste e de 9,39% no Sudeste, enquanto na região Norte houve queda de 33,16% e na Centro-Oeste de 24,97%.

A pesquisa também aponta que 14% dos alunos já matriculados em instituições particulares atrasaram as mensalidades ou trancaram o curso em razão dos gastos com bets. Esse índice é ainda maior nas classes B1 e B2, onde chega a atingir a marca de 17%.

“O estudo mostra que as apostas on-line se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior no Brasil. Precisamos olhar com seriedade para esse cenário e desenvolver políticas públicas que conscientizem os jovens sobre as responsabilidades envolvidas com a prática de apostar”, destaca Paulo Chanan, diretor geral da ABMES.

Ele complementa dizendo tratar-se de um fenômeno relativamente novo no Brasil “que ainda carece de amadurecimento e maior compreensão das responsabilidades envolvidas tanto por parte do poder público quanto dos apostadores”.

A pesquisa ouviu 2.317 jovens de 18 a 35 anos entre os dias 20 e 24 de março de 2025. Foram entrevistadas pessoas de todas as regiões do país e de todas as classes sociais, com interesse em ingressar na educação superior privada.  

"Seletividade"

O presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), Magnho José, alegou em seu site, BNLData, que o UOL (portal que primeiro destacou a pesquisa) não citou a "redução das pessoas que deixaram de investir em algum curso, idioma ou outro aprendizado por ter comprometido seus rendimentos com apostas". Em setembro de 2024 eram 23,9% e em abril de 2025, após quatro meses de mercado regulado caiu para 20,9%, afirma Magnho.

Segundo ele, há "seletividade do UOL nas pautas, que insistem em demonizar o setor de jogos e idiotizar os apostadores".

"A pesquisa tem muitos dados positivos após a regulamentação do setor de apostas esportivas e jogos online, que foram ignorados pelo portal, além do setor não ter sido ouvido na matéria jornalística", criticou o editor do BNLData.

 

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